Administração
A Administração ou Gestão é a ciência social que estuda e sistematiza as práticas usadas para
administrar.1
O termo "administração" vem do latim administratione, que
significa direção, gerência. Ou seja, é o ato de administrar ou gerenciar
negócios, pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas definidas.2
É uma área do conhecimento fundamentada em um conjunto de princípios, normas e funções elaboradas para disciplinar os fatores de
produção, tendo em vista o alcance de determinados
fins como maximização de lucros ou adequada prestação de serviços
públicos.3 pessoas e recursos que se relacionem num determinado ambiente, orientadas para objetivos comuns.4
A Administração é frequentemente tomada como sinônimo de Administração
de Empresas. Porém, isto
somente faz sentido se o termo empresa foi considerado como sinônimo de organização, que significa os esforços humanos organizados,
feitos em comum, com um fim específico, um objetivo. O adequado é considerar a
Administração de Empresas subárea da Administração, uma vez que esta trata de
organizações que podem ser públicas, sociedades
de economia mista ou privadas, com ou sem fins lucrativos.5
A necessidade de organizar os estabelecimentos nascidos com a Revolução
Industrial, ocorrida na Inglaterra em meados do Século XIX, levou profissionais de outras áreas mais
antigas, a exemplo da Engenharia, a buscar soluções específicas para
problemas que não existiam antes. Assim, a aplicação de métodos de ciências
diversas, para administrar estes empreendimentos, deu origem aos rudimentos da
Ciência da Administração.4
Há autores que consideram a Administração uma área interdisciplinar do
conhecimento, uma vez que se utilizaria de métodos e saberes de diversas
ciências, como Contabilidade, Direito, Economia, Filosofia, Psicologia, Sociologia, etc.6
Não se deve confundir a gerência de uma casa ou da vida pessoal, que tem
sua arte própria, porém empírica, com a administração de uma instituição.
A gerência corporativa requer conhecimento e aplicação de diversos modelos e
técnicas administrativas, ao passo que a gerência pessoal pode ser feita por
pessoas sem qualificações adicionais.7 Como exemplo de dependência da Ciência da
Administração, para funcionar de forma empresarial, estão as Instituições de Direito Público ou Instituições de Direito Privado, criadas, respectivamente, para
finalidades sociais ou fins lucrativos.
Administração e
sua Pratica
O ensino de Administração e, a sua
prática no mundo das organizações sempre esteve associado a idéia-força de
melhorar o desempenho através do treinamento sistemático.
Nada mais simples de entender e nada
mais complexo para ser colocado em prática efetiva.
Simples, porque as organizações –
grandes ou pequenas, públicas ou privadas, lucrativas ou não lucrativas – são
na essência associações de pessoas, agindo predominantemente de acordo com suas
experiências, percepções e motivações, que carecem por isso de uma certa
identidade de propósitos e intenções para que seus esforços produzam resultados
previsíveis e desejáveis. O que pode ser obtido através de treinamento, nas
suas mais variadas formas.
Complexo, no entanto, porque é meio
vaga a idéia do que seja uma organização eficiente, dotado das características
positivas, resultantes de consenso e aprovação.
Adicionalmente, é necessário considerar
que as profissões como forma operacional de atuação no contexto de uma
sociedade, aparecem e se desenvolvem em consequência de sua utilidade social. O
Administrador é ou, deve ser para as organizações, o que representa o Médico
para a saúde de cada um de nós.
Nesse particular, qual seria o respaldo
e a proposta profissional da Administração? Qual o grau de internalização pela
sociedade brasileira em particular e outras em escala global que passarão a
incorporar novas demandas face a novos e complexos cenários emergentes? De
valores como eficiência, inovação, ética, racionalidade na aplicação de
recursos e na obtenção de resultados que formam a base valorativa da
Administração? Qual a importância e a receptividade dadas, em nossa sociedade,
ao Administrador como especialista na promoção daqueles valores maximizantes de
recursos naturais, humanos e especializados?
Essas questões e indagações encerram, a
um só tempo, as dificuldades e o destaque da Administração, como uma das mais
importantes áreas de estudos que foi no final do século passado recente e neste
novo século e milênio que se inicia. Tanto, pelo número cada vez maior de
pessoas, em todos os países, que com a Administração vem se envolvendo, como
pelo rítmo crescente e constante com que se vai descobrindo e constatando que, em
qualquer forma de associação humana, só existe um talento capaz de transformar
propostas em fatos concretos, países e regiões subdesenvolvidas em sociedades
afluentes, ideais de liberdade, em instituições permanentes: o talento de
natureza empreendedora e gerencial próprio do administrador
É natural, portanto que, a preocupação
com o ensino de Administração tenha aparecido muito cedo na história de quase
todos os países. Embora, cada um tenha cumprido uma evolução própria, até
alcançar as soluções compatíveis com suas necessidades. Algumas soluções
mundialmente conhecidas, seguidas e
celebradas.
As Três Eras da Administração do Século
XX
Era Clássica
1900 – 1950
|
. Inicio da Industrialização
. Estabilidade
. Pouca mudança
. Previsibilidade
. Regularidade e certeza
|
. Administração Científica
. Teoria Clássica
. Relações Humanas
. Teoria da Burocracia
|
Era Neoclássica
1950 – 1990
|
. Desenvolvimento Industrial
. Aumento da mudança
. Fim da previsibilidade
. Necessidade de inovação
|
. Teoria Neoclássica
. Teoria Estruturalista
. Teoria Comportamental
. Teoria de Sistemas
. Teoria da Contingência
|
Era da Informação
Após 1990
|
. Tecnologia da Informação
. Globalização
. Ênfase nos serviços
. Aceleração da mudança
. Imprevisibilidade
. Instabilidade e incerteza
|
Ênfase na:
Produtividade
Qualidade
Competitividade
Cliente
Globalização
|
Fonte: Chiavenato, I. 2.000:657
Hoje exige-se do Administrador possuir e
combinar as seguintes habilidades necessárias e indispensáveis na função de
gestor de organizações:
Habilidade Técnica – é a
capacidade de aplicar conhecimentos técnicos, métodos e equipamentos
necessários à execução de tarefas específicas. É adquirida através da
experiência, da educação e do treinamento.
Habilidade Humana – é a
capacidade e o discernimento para trabalhar com e por meio de pessoas,
incluindo o conhecimento do processo de motivação e a aplicação eficaz da
liderança.
Habilidade conceitual – é a
capacidade de compreender a complexidade das organizações como um todo e onde
cada área específica se enquadra nesse complexo. Permite agir de acordo com os
objetivos globais da organização, e não em função de metas e necessidades
imediatas do próprio grupo.
Hoje, como resultado das reflexões e
ações ocorridas em diferentes momentos, capitaneadas pelo sistema Conselho
Federal de Administração – CFA; Associação Nacional dos Cursos de Graduação em
Administração – Angrad, com a colaboração e apoio do Ministério da Educação e
Cultura – MEC, há um esforço do Sistema de Ensino Superior em Administração do
Brasil (faculdades e universidades) em perseguir e alcançar
de forma crescente e consistente a formação do Administrador com tais
características e habilidades.
Com base nas proposições apresentadas
no documento Diretrizes Curriculares para o Curso de Administração, que
atualmente encontra-se em tramitação e apreciação no Conselho Nacional de
Educação – CNE, para aprovação, vamos, para fins de reflexão, agregar mais
elementos referentes ao perfil e habilidades indispensáveis ao
Administrador.
O que se pretende alcançar?
O perfil que o processo
pedagógico deve garantir que o graduando demonstre ao final do curso,
necessariamente, envolve: internalização de valores de responsabilidade social,
justiça e ética profissional; formação humanística e visão global que o habilite
a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está inserido
e a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente; formação
técnica e científica para atuar na administração das organizações, além de
desenvolver atividades específicas da prática profissional em consonância com
as demandas mundiais, nacionais, regionais e locais; competência para
empreender, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo
suas transformações; capacidade de atuar
em equipes multidisciplinares; capacidade de compreensão da necessidade do
contínuo aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento da
autoconfiança.
As habilidades que contribuem
para a formação do perfil do profissional desejado envolvem: habilidade
de comunicação interpessoal e expressão correta nos documentos técnicos específicos
e de interpretação da realidade das organização; habilidade de utilização de
raciocínio lógico, crítico e analítico, operando com valores e formulações
matemáticas e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos: habilidade
de interagir criativamente face aos diferentes contextos organizacionais
e sociais; habilidade de demonstrar compreensão do todo administrativo,
de modo integrado, sistêmico e estratégico, bem como de suas relações com o
ambiente externo; habilidade de lidar com modelos de gestão inovadores; habilidade
de resolver situações com flexibilidade e adaptabilidade diante de
problemas e desafios organizacionais; habilidade de ordenar atividades e
programas, de decidir entre alternativas e de identificar e dimensionar
riscos; habilidades de selecionar estratégias adequadas de ação, visando
a atender interesses interpessoais e
institucionais; habilidade de selecionar procedimentos que privilegiem
formas de atuação em prol de objetivos comuns.
O que deve ser ensinado?
A Resolução N. 02, Conselho Federal de
Educação (CFE) de 04 de outubro de 1993, estabelece que os conteúdos adotados
como objeto de trabalho para o desenvolvimento das habilidades envolvem matérias
de formação básica e instrumental, matérias de formação profissional e tópicos
emergentes.
A origem e construção do conhecimento
administrativo apresenta diferentes vertentes e contribuições. Iniciemos pelos
filósofos [ Sócrates (470 ª C. – 399 ªC); Platão (429 ª C. – 347 ªC);
Aristótales (384 ªC. –322 ª. C.; Miccolo Machiavelli (1.469 – 1.527); Francis
Bacon (1.561-1626); René Descartes (1.596-1650); Thomas Hobbes (1.588-1.679);
Jean-Jacques Rousseau (1.712-1.778); Karl Marx (1.818-1.883)]. A influência da
organização da Igreja Católica, nos ensina por exemplo que sua organização
hierárquica é tão simples e eficiente
que sua enorme organização mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça
executiva: o Papa, cuja autoridade coordenadora lhe foi delegada de forma
mediata por uma autoridade divina superior. A influência militar com a
colaboração dos conceitos de: unidade de
comando, linha, centralização, descentralização, estratégia. Nunca
devemos esquecer que as organizações operam numa arena de guerra. Conhecer a
vida e a obra de figuras como: [Napoleão Bonaparte (1.769-1.821); Frederico II,
o Grande (1.712-1.786); Karl von Clausewitz (1.780-1.831)]. A influência da
Revolução Industrial onde foi gestada a Administração na forma como hoje a
conhecemos. É impossível apreender e compreender a essência da Administração
sem compreender o que representou a Revolução Industrial. A influência dos
Economistas Liberais, principalmente de figuras como: [ Adam Smith (1.723 –
1.790) e Joseph Schumpeter (1911)]. A influência dos Pioneiros e Empreendedores
nas figuras por exemplo de: [John David Rockefeller (1.839 – 1.937); Adolf von
Bayer (1.835 – 1917)]. A influência do eng. Mecânico Frederick Winslow Taylor
(1.856-1915), considerado o fundador da
Administração Científica e Henri Fayol
(1.841 – 1.925). A influência do psicólogo George Elton Mayo (1.880 – 1.949)
por ter liderado a Experiência de Hawthorne. A influência do sociólogo Max
Weber (1.864 – 1.920) com seus estudos sobre burocracia e tipos de sociedade e
autoridade. A influência da matemática com as contribuições, entre outras, da
Teoria dos Jogos proposta pelos matemáticos Johann von Neumann (1.903 – 1.957)
e Oskar Morgenstern (1.902 – 1.962). A influência da biologia pela notável
contribuição do biólogo L. von Bertalanffy, pelas idéias contidas na Teoria
Geral dos Sistemas (1.950).
Todas essas vertentes, por si só,
dispensam enfatizar a importância das matérias de formação básica e
instrumental para o Administrador como a Sociologia, Psicologia, Matemática,
Informática, Filosofia, Estatística, Economia, Direito e Contabilidade.
Infelizmente, não se sabe ainda, se é
por desinformação, falta de articulação de conteúdos, baixa aderência de alunos
e professores ou despreparo geral. Tais conteúdos em muitas de nossas escolas
de Administração são apresentados e desenvolvidos de forma superficial e
inconsistente. Temos comentado com diferentes públicos que um dos maiores
desafios atuais para o ensino e domínio da ciência administrativa para uma
posterior prática correta, é superar a postura de superficialidade com que são
tratadas e desenvolvidas as matérias de formação básica e instrumental de
nossos cursos de graduação. Entretanto esses desafios, junto com as matérias de
formação profissional (Teorias da Administração, Mercadologia, Recursos
Humanos, Finanças e Orçamento, Produção e Logística) e Tópicos Emergentes que
envolvem hoje temas como: ética, globalização, ecologia e meio ambiente,
constituem um cenário promissor de desafios e novas perspectivas. O conjunto de
ações e políticas contidas no bojo das Diretrizes Curriculares para o Curso de
Administração e sua operacionalização efetiva pelos agentes da educação
superior (universidades e faculdades), sinalizam uma visão consistente para as
perspectivas e possíveis tendências a seguir prospectadas.
III – Perspectivas
Seguramente, nos próximos anos,
assistiremos o fim da forma
organizacional de hoje (a organização burocrática) e veremos o surgimento de
novos sistemas mais adequados às demandas da pós-industrialização. Resultado
de: a) Mudanças rápidas e inesperadas, principalmente no campo do conhecimento,
impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm
condições de atender. b) Crescimento no tamanho das organizações, que se tornam
complexos e internacionais. c) Atividades novas que exigem pessoas de
competências diversas, criatividade e altamente especializadas, envolvendo
problemas de coordenação e, principalmente, de acompanhamento das rápidas
mudanças.
Os Paradigmas das Novas Organizações
Modelo do Século XX
|
Aspectos
|
Protótipo do Século XXI
|
Divisão de trabalho e cadeia escalar
de hierarquia
|
Organização
|
Rede de parcerias com valor agregado
|
Desenvolver a maneira atual de fazer
negócios
|
Missão
|
Criar mudanças com valor agregado
|
Domésticos ou regionais
|
Mercados
|
Globais
|
Custo
|
Vantagem competitiva
|
Tempo
|
Ferramenta para desenvolver a mente
|
Tecnologia
|
Ferramenta para desenvolver colaboração
|
Cargos funcionais e separados
|
Processo de trabalho
|
Equipes de trabalho interfuncionais
|
Homogênea e padronizada
|
Força de trabalho
|
Heterogênea e diversificada
|
Autocrática
|
Liderança
|
Inspiradora
|
Fonte:
Chiavenato, I. 2.000:689
Como ficará a Administração? Seu
ensino? Seu aprendizado? Sua aplicação no mundo real das organizações?
Certamente, por suas caracteristicas
multi e interdisciplinar ela não ficará isolada nesse dinâmico e conturbado
contexto globalizado. As especialidades clássicas dentro da Administração como
Recursos Humanos, Produção, Marketing, Finanças, etc. deverão cada vez mais serem
tratadas em sua verticalidade (especialização) e na sua horizontalidade. A
interdisciplinaridade deve, definitivamente marcar a substituição da
especialização pela generalização. Não a generalização irresponsável, descomprometida e superficial com as múltiplas
e complexas variantes especializadas. Mas a capacidade de escolher o caminho
certo na hora certa. Portanto, não é o conhecimento especializado – por certo
necessário em toda atividade de natureza, no caso administrativa e, em muitas outras áreas –
que conta, mas a combinação com uma série de competências generalizadas e
aparentemente fluidas. Ou seja, todo especialista de primeira linha é também no
fundo um bom generalista. À Administração cabe a missão de construir a si
própria no espaço e no tempo a identidade comum, capaz de orientar a atuação de
todos os membros da organização quanto ao presente e futuro.
Por si, hoje a tarefa de administrar
apresenta variáveis e situações incertas e desafiadoras. O cenário que se
projeta é de um sem-número de variáveis e transformações carregadas de
ambiguidades e de incertezas. O Administrador se defrontará com problemas
multifacetados e cada vez mais complexos com sua atenção disputada por eventos
e por grupos situados dentro e fora da empresa que proporcionarão informações
contraditórias, complicando o seu diagnóstico perspectivo e a sua visão dos
problemas a resolver ou das situações a enfrentar. São exigências da sociedade,
dos clientes, dos fornecedores, dos agentes regulamentadores. São os desafios dos
concorrentes, as expectativas da alta administração, dos subordinados, dos
acionistas, dos governos, das organizações não-governamentais.
Todas essas exigências, desafios e
expectativas exigirão do Administrador uma combinação adequada e consistente das
habilidades técnicas, humanas e conceituais, ora de cunho especializado, ora de
cunho generalista.
A Administração, por e através de seus
agentes cada vez mais, necessitará compreender as normas, valores e visões do
mundo dos colaboradores diretos, grupos, unidades e de toda a organização. A
compreensão de tais questões, formam a base a partir da qual se prescruta o futuro e se decide sobre os novos
conhecimentos que são legítimos e os que não são. Trata-se portanto, de algo
que ultrapassa a mera referência à visão/missão da organização, descrição de
postos de trabalho, organograma e ferramentas a serviço da organização. As
pessoas participam e contribuem para o seu conhecimento, para o conhecimento da
organização onde trabalham, para a família, a igreja, o clube social, etc.
Todas essas experiências de mão dupla, influenciam a maneira de ser da
organização onde trabalham e vice-versa.
A inovação e a criatividade
organizacional constituir-se-ão no vetor da Administração. Serão tão
importantes para a Administração quanto é hoje considerado o processo
administrativo de planejar, organizar, dirigir e controlar.
Caberá a Administração, tornar o
conhecimento cada vez mais produtivo. Uma coisa é certa. Esse capital
intangível provocará na estrutura de cargos, nas carreiras e nas organizações,
mudanças tão dramáticas como as que resultaram na mudança da produção artesanal
para a produção em série com a Revolução Industrial, operacionalizada por
Taylor e seus seguidores.
Nossas escolas de Administração deverão
desenvolver de forma crescente e consistente competências de longo prazo para
preparar o Administrador polivalente/generalista/especialista,
o cidadão socialmente responsável e o administrador político, comprometido com
o bem-estar coletivo. Isto porque, diante do modelo de especialização flexível
e dos novos conceitos de produção, em que a divisão técnica do trabalho se
tornou menos evidenciada, com a integração do trabalho direto e indireto e a
integração entre produção e controle de qualidade, onde o trabalho em equipe
passou a substituir o trabalho individualizado e as tarefas do posto de
trabalho foram eclipsadas pelas funções polivalentes, o conteúdo e a qualidade
do trabalho do Administrador modificaram-se.
O desenvolvimento do conteúdo informativo
das atividades profissionais, a difusão das ferramentas de tratamento de
informação e sua inserção em uma rede de informações e comunicação,
desaparecerão progressivamente com as fronteiras tradicionais entre outros
setores ( produção, armazenagem, distribuição), favorecendo a mobilidade entre
os empregos, até agora separados em categorias isoladas. Assim, o trabalho
estará crescentemente mais abstrato, mais intelectualizado, mais autônomo,
coletivo e complexo. Cada vez mais, as funções diretas e indiretas estarão
sendo incorporadas pelos sistemas técnicos e o simbólico se interpondo entre o
objeto e o conteúdo do trabalho. O próprio objeto do trabalho, torna-se
imaterial. Numa nítida constatação da migração de uma atividade
centrada na competência técnica para uma competência interpessoal e
conceitual.
As tarefas estarão se tornando
crescentemente indeterminadas pelas possibilidades e usos múltiplos dos
próprios sistemas e a tomada de decisões passa a depender, cada vez mais, da
capacitação de uma multiplicidade de informações obtidas através de redes
informatizadas. O trabalho repetitivo, prescritivo é substituído por um
trabalho de arbitragem em que é preciso diagnosticar, prevenir, antecipar,
decidir e interferir em relação à uma dada situação concreta de trabalho. A
natureza deste tipo de trabalho reveste-se da imprevisibilidade das situações
nas quais o Administrador ou o coletivo de Administrador, têm que fazer
escolhas e opções todo o tempo, ampliando-se as operações mentais e cognitivas
envolvidas nas suas atividades.
A passagem da democracia representativa
para a democracia participativa, influenciará, significativamente, os membros
da organização em todos os seus níveis. As organizações precisarão adotar um
modelo de equalização do poder em substituição ao modelo atual de diferenciação
hierárquica, para reduzir as diferenças impostas pela hierarquia de autoridade.
A revolução política ora em curso nos países mais avançados, está implícita na
seguinte afirmação: “ as pessoas cujas vidas são afetadas por uma decisão,
devem fazer parte do processo que constrói esta decisão”. Essa passagem da
democracia representativa – na qual as pessoas escolhem pelo voto aqueles que
irão representá-las no processo decisorial da vida política de um país- para a
democracia participativa- na qual as pessoas serão consultadas a respeito de
suas opiniões e pontos de vista, de suas convicções e expectativas- é um dado
importante na vida de alguns países e já vem ocorrendo no Brasil. A sociedade e
a nação de hoje tendem ao pluralismo. Cada tarefa importante é confiada a uma
grande instituição, organizada para durar sempre e ser dirigida por
Administradores. Essa nova sociedade pluralista, dal qual estamos construindo,
constituída por uma infinidade de instituições, traz desafios políticos,
filosóficos e sociais que ultrapassam a compreensão dos Administradores.
O Terceiro Setor, ou setor sem fins
lucrativos, deverá ser aquele que mais crescerá nas sociedades desenvolvidas
deste novo século XXI. É ali que a
Administração Sistemática, aprendida e construida nas Faculdades e
Universidades, baseada na teoria e guiada por princípios universalmente
testados e aprovados, pode render maiores resultados em menos tempo. Basta
pensar nos enormes problemas e desafios com que o mundo se defronta – pobreza,
saúde, segurança, educação, tensões internacionais – que a necessidade de
soluções administrativas e eticamente construídas se tornam claras e urgentes.
Aos que estudam, desenvolvem e
praticam Administração, caberá uma
participação significativa no desenvolvimento da idéia de solidariedade. A
administração por essência envolve participação e parceria para que as coisas
possam acontecer. A grande palavra do século XXI deverá ser a solidariedade. O profissional não pode
estar alheio a este fato. A globalização tem efeitos tremendamente
espetaculares, o que pode aumentar nossa riqueza na comunicação, nos
conhecimentos que estamos desenvolvendo, na geração do conhecimento. Porém,
esses processos também conduzem ao aumento de desigualdades sociais e nisto a
questão da cidadania, a reação do profissional com a cidadania é cada vez mais
importante. Demasiadamente influenciadas pela eficiência econômica, os
profissionais muitas vezes se esquecem de que têm que buscar a igualdade social
em suas gestões, têm que buscar, também, fortalecer a cidadania e fortalecer a
igualdade social.
Outro grande desafio do século XXI será
o multiculturalismo. O profissional de Administração não será alguém que tenha
a multiculturalidade, mas que precisamente aproveite a multiculturalidade para
enriquecer socialmente as organizações de que participa. Para compreender a
dimensão desse desafio e saber explorá-lo construtivamente como é importante
compreender sociologia, antropologia, política... para poder transitar entre
diferentes realidades sociais e culturais neste mundo globalizado!
A Administração está percorrendo
caminhos para constituir-se tanto em “ciência” como em “arte” e “técnica”. Há
em Administração princípios, teorias, instrumentos e técnicas. Está emergindo
uma linguagem comum da Administração e talvez até haja uma disciplina
universal. Sem dúvida alguma, há uma função genérica mundial que chamamos de
“administração” e que atende a mesma finalidade em toda e qualquer sociedade
desenvolvida. Como decorrência, a Administração também é uma cultura de valores
e crenças. Pode ser considerada a ponte entre uma civilização que está se
tornando mundial e uma cultura que manifesta tradições, valores, crenças e
patrimônios divergentes. A Administração precisa tornar-se cada vez mais um
instrumento pelo qual a diversidade cultural passa a atender as finalidades
comuns da humanidade. Porém, ao mesmo tempo, a Administração está sendo cada
vez mais exercida dentro das fronteiras de uma única cultura, legislação ou jurisdição
nacional. A Administração deve e pode, tornar produtivos os valores, as
aspirações e as tradições do indivíduo, da comunidade e da sociedade, para
atender a uma finalidade produtiva comum. Se a Administração não tiver êxito em
colocar a funcionar o patrimônio cultural específico de um país, de uma região,
de uma comunidade, não pode ocorrer o desenvolvimento social e econômico.
A Administração se tornará,
rapidamente, junto com a tecnologia, o recurso estratégico dos países
desenvolvidos e a necessidade básica daqueles em desenvolvimento como o Brasil.
Por constituirem-se em alvo de interesse específico de um setor, isto é, das
instituições econômicas da sociedade, não só a Administração como também, os
Administradores, estão se tornando segmento genérico característico
constitutivo da sociedade desenvolvida. O que a Administração e os
Administradores fazem, tornar-se-á, portanto e apropriadamente, cada vez mais
uma questão de interesse público e não um assunto reservado aos “peritos”. A
Administração se preocupará, cada vez mais, com a manifestação de crenças e
valores, tanto quanto com a acumulação e conservação de resultados
economicamente mensuráveis. Defenderá, cada vez mais, a qualidade de vida de
uma sociedade quanto o seu padrão de vida.
Todavia, a mais importante mudança que
o futuro reserva para a Administração é que, nos países desenvolvidos, as
aspirações, os valores e, de fato, a sobrevivência, mesmo da sociedade, virão a
despertar, cada vez mais, do desempenho, da competência e dos valores dos
Administradores. A importante tarefa que está reservada à próxima geração é,
portanto, tornar produtivas, para o indivíduo, à comunidade e à sociedade, as novas instituições
organizadas de nosso novo pluralismo. E, isso, é o que constitui acima de tudo,
o novo papel da Administração, fundado na Ética, na Democracia,
na Participação, no Desenvolvimento Ecologicamente Sustentado, no
respeito à Vida, no Pluralismo e na participação de todos dos resultados
e bens da humanidade.
Auditoria
de recursos humanos é um exame
analítico e pericial da área de recursos humanos, uma medição dos sistemas de RH visando prevenir ou
sanar os obstáculos, problemas que a empresa tenha com o seu pessoal. A
auditoria de recursos humanos tem como função conduzir a análises de cargos,
planejar a necessidade de funcionários e recrutar candidatos aos cargos,
selecionar candidatos aos cargos, orientar e treinar novos empregados e
administrar bônus e salários e também apontar sugestões e soluções. Quanto
maior e mais descentralizada a organização, maior necessidade de uma cobertura
sistemática.
Aconselhamento de carreira é uma atividade destinada a executivos em momento de crise de carreira.
Essas crises são originadas por desmotivação e queda de desempenho, assim,
esta atividade ajuda empresas e executivos na análise e superação de
impasses profissionais, que podem gerar atritos e risco de demissões
indesejadas.
O processo inclui análise da situação, vida e/ou carreira,
elaboração de programa individual para desenvolvimento da carreira, bem como o
monitoramento do programa (coaching).