Por: Carlos Nivagara
Introdução
Numa era de tanto avanço tecnológico e da informação é
importante para uma escola, que quer sobreviver, procure a transformação do seu
modelo conservador estrutural, disciplinar, arquitectónico e de distribuição do
poder.
Por outro lado, verifica-se que muito se tem avançado nos
estudos e acções acerca dos desafios educacionais contemporâneos, mas poucos
remetem a reflexão do papel pedagógico do espaço físico escolar e sua
transformação por aqueles que o constroem e ocupam.
O espaço da escola permanece assim, com um fim em si só,
muitos por ela passam, mas poucos delas se apropriam. Esta relação de submissão
e disciplinação são apontadas por Michel Foucault no sentido da docilização dos
corpos no espaço e no tempo, onde mesma disciplina e controle imposto que
delimita e proíbe, produz também um determinado tipo de sociedade, que por sua
vez constituem-se em uma teia de interesses e poder.
Neste sentido, a estrutura e transformação pedagógica
escolar ficam enfraquecidas e perdemos o que de mais precioso poderíamos ter na
educação, a criação e o sentimento de pertencer. Deste modo, não fica difícil
entender porque os alunos pisam, quebram e não deixam nas escolas suas marcas
positivas. (FOUCAULT 1987 apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto
Galera3)
Neste sentido, nesta abordagem incidir-se-á em prol da
reflexão sobre a gestão do espaço físico da Escola Primaria Completa Unidade 13
Análise
da gestão do espaço físico da Escola Primaria Completa Unidade 13
A escola Primaria Completa Unidade 13 (EPC-U13) é uma
escola pública situada no Distrito Municipal Nhamankulu-Cidade de Maputo, com
um espaço físico compreendido em 100m2 contendo três (3) blocos com
12 salas de aulas, um (1) bloco administrativo, dois (2) blocos com 4 casas de
banhos sendo 2 para funcionários e 2 para alunos separados por sexo, um (1)
bloco com a uma chapa a designar “biblioteca” mas que na verdade é usada como
sala dos professores e armazém, 7 arvores de sombras mal situadas porque desse
numero somente 4 é que são aproveitadas.
A escola é uma das nossas moradas e deve ser preservada
para acolher bem os alunos, no presente e no futuro.
Como afirma Terezinha Azerêdo Rios, a
palavra ethos foi usada pela primeira
vez entre os gregos para designar a morada dos homens, o local no qual eles se
reuniam e se protegiam dos perigos a que estavam expostos na natureza. Abrigar-se
é algo próprio dos animais.
Entretanto, enquanto os humanos transformam sua moradia
de maneira intencional, planejada, fazendo mudanças com base em um projecto e
dando uma cara própria a sua casa, o mesmo não ocorre com os demais - nesse
caso, é a natureza que estabelece a maneira como eles irão modificá-las.
Com essas palavras, olhando para a realidade da EPC-U13,
salienta-se que esta através dos seus membros (Directores, Professores, Pessoal
não docente, alunos e a comunidade em geral) deveriam projectar melhor a
construção dos edifícios de modo que houvesse espaços de recreação como o caso
de campo de jogo que serviria não só como um lugar de lazer mas também para a
prática de educação física uma vez essa escola possui o ensino primário do 2o
ciclo (EP2) sem deixar de lado um lugar reservado para o jardim e a
conservação da própria escola pelos utentes.
A
racionalidade no espaço escolar: Limites reais
O desafio de levar os sujeitos a tornar-se parte da
produção pedagógica, individual e social e resgatar a dimensão pedagógica do
espaço social escolar, significa compreendê-lo por sua natureza politica e
pedagógica.
De acordo com pensamento de Cortella (2004) apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto Galera3, as representações
do espaço escolar estão permeadas por duas ordens “os produtos materiais (as
coisas) que estão impregnados de idealidade e os produtos ideais (as ideias)
que estão entranhadas de materialidade, esta treliça de elementos: físico,
humano e ambiental ao serem interpretados passam a ter um significado maior, o
qual chamamos “conhecimento”.
Esta bagagem pedagógico-cultural quando construída num
processo interacção e na intensificação das relações, de forma crítica e
participativa, acabam por determinar as mudanças e geram a riqueza necessária
ao trabalho pedagógico.
Na verdade este modelo de prática social pedagógica é
considerado um avanço para a transformação do espaço escolar.
Para além do determinismo da physis (palavra grega que significa "natureza"), os
humanos criam o ethos, que, em um
segundo momento, passa a representar, além do abrigo, o conjunto de produtos
culturais que identifica um grupo, uma comunidade e uma sociedade. No sentido
literal ou figurativo, o ethos é a
casa do homem e, portanto, necessita ser preservado. Mas são muitas as nossas
casas. Uma delas é a escola que, embora seja diferente do espaço em que vivem
os que a frequentam, exige deles o mesmo cuidado. E cuidado deriva de respeito,
o princípio fundamental da ética. Respeitar implica reconhecer o outro e a
existência junto com ele num tempo e local específicos.
O ambiente escolar como um espaço público no qual grande
parte de nossas crianças e jovens passam seu tempo é um dos lugares que
permitem exercitar tal convívio. A estrutura física da escola, assim como sua
organização, manutenção e segurança, revela muito sobre a vida que ali se
desenvolve.
Os educadores têm pensado na organização desse espaço? O
trabalho educativo não se limita à sala de aula, mas, se a configuração desse
ambiente for acolhedora, poderá contribuir para tornar mais prazeroso o
trabalho que ali se faz. Serão assim as nossas salas de aula? Pensarão os
gestores nesses assuntos ou os deixarão em segundo plano, envolvidos que estão
com as chamadas "questões pedagógicas"? Ora, o primeiro passo para se
envolver com os aspectos relacionados ao espaço físico é considerá-los
pedagógicos. É aí que a dimensão ética se articula com a estética, de modo estreito.
Escola bonita não deve ser apenas um prédio limpo e bem
planejado, mas um espaço no qual se intervém de maneira a favorecer sempre o
aprendizado, fazendo com que as pessoas possam se sentir confortáveis e
consigam reconhecê-lo como um lugar que lhes pertence.
Hoje falamos muito sobre sustentabilidade. Apontamos o
dever ético, comum a todos os seres vivos, de cuidar da casa que habitamos no
presente, de forma a preservá-la para que se mantenha efectivamente acolhedora
para aqueles que vierem depois. A Terra é nossa morada, temos uma
responsabilidade planetária.
Nas escolas, procura-se fazer um trabalho de
conscientização, apontando os riscos e danos a que estaremos expostos se não
estivermos atentos às questões relacionadas à exploração do meio ambiente e às
intervenções que podem provocar sua destruição.
Os educadores devem empenhar-se na tarefa de despertar
uma consciência crítica em relação ao cuidado com o planeta. Contudo, essa
preocupação só terá sentido se partir da atenção com o espaço mais restrito,
que é o do país, da cidade e da casa. Da casa que é a nossa escola.
O espaço escolar educa, pois a relação entre usuários e
espaço físico vai além do formal, nele estão representado sua dimensão
simbólica e pedagógica e através da sua arquitectura podemos ler e interpretar
a História da Educação e que ao mesmo tempo podemos ler a própria história dos
poderes. A este espaço que comunica, mostra a quem sabe ler, o emprego que o
ser humano faz dele mesmo, que varia em cada cultura e que é um produto cultural
específico, não só das relações interpessoais, mas também dos ritos sociais, à simbologia
das disposições dos objectos e dos corpos, à sua hierarquia e relações”.(FRAGO;ESCOLANO,1998) apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto Galera3
Bibliografia
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/espaco-fisico-escola-espaco-pedagogico-630910.shtml
01.11.2012-19h