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quinta-feira, 25 de julho de 2013

A gestão do espaço físico da escola: Caso/Escola Primaria Completa Unidade 13



Por: Carlos Nivagara

Introdução
Numa era de tanto avanço tecnológico e da informação é importante para uma escola, que quer sobreviver, procure a transformação do seu modelo conservador estrutural, disciplinar, arquitectónico e de distribuição do poder.
Por outro lado, verifica-se que muito se tem avançado nos estudos e acções acerca dos desafios educacionais contemporâneos, mas poucos remetem a reflexão do papel pedagógico do espaço físico escolar e sua transformação por aqueles que o constroem e ocupam.
O espaço da escola permanece assim, com um fim em si só, muitos por ela passam, mas poucos delas se apropriam. Esta relação de submissão e disciplinação são apontadas por Michel Foucault no sentido da docilização dos corpos no espaço e no tempo, onde mesma disciplina e controle imposto que delimita e proíbe, produz também um determinado tipo de sociedade, que por sua vez constituem-se em uma teia de interesses e poder.
Neste sentido, a estrutura e transformação pedagógica escolar ficam enfraquecidas e perdemos o que de mais precioso poderíamos ter na educação, a criação e o sentimento de pertencer. Deste modo, não fica difícil entender porque os alunos pisam, quebram e não deixam nas escolas suas marcas positivas. (FOUCAULT 1987 apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto Galera3)
Neste sentido, nesta abordagem incidir-se-á em prol da reflexão sobre a gestão do espaço físico da Escola Primaria Completa Unidade 13







Análise da gestão do espaço físico da Escola Primaria Completa Unidade 13
A escola Primaria Completa Unidade 13 (EPC-U13) é uma escola pública situada no Distrito Municipal Nhamankulu-Cidade de Maputo, com um espaço físico compreendido em 100m2 contendo três (3) blocos com 12 salas de aulas, um (1) bloco administrativo, dois (2) blocos com 4 casas de banhos sendo 2 para funcionários e 2 para alunos separados por sexo, um (1) bloco com a uma chapa a designar “biblioteca” mas que na verdade é usada como sala dos professores e armazém, 7 arvores de sombras mal situadas porque desse numero somente 4 é que são aproveitadas.
A escola é uma das nossas moradas e deve ser preservada para acolher bem os alunos, no presente e no futuro.
Como afirma Terezinha Azerêdo Rios, a palavra ethos foi usada pela primeira vez entre os gregos para designar a morada dos homens, o local no qual eles se reuniam e se protegiam dos perigos a que estavam expostos na natureza. Abrigar-se é algo próprio dos animais.
Entretanto, enquanto os humanos transformam sua moradia de maneira intencional, planejada, fazendo mudanças com base em um projecto e dando uma cara própria a sua casa, o mesmo não ocorre com os demais - nesse caso, é a natureza que estabelece a maneira como eles irão modificá-las.
Com essas palavras, olhando para a realidade da EPC-U13, salienta-se que esta através dos seus membros (Directores, Professores, Pessoal não docente, alunos e a comunidade em geral) deveriam projectar melhor a construção dos edifícios de modo que houvesse espaços de recreação como o caso de campo de jogo que serviria não só como um lugar de lazer mas também para a prática de educação física uma vez essa escola possui o ensino primário do 2o ciclo (EP2) sem deixar de lado um lugar reservado para o jardim e a conservação da própria escola pelos utentes.
A racionalidade no espaço escolar: Limites reais
O desafio de levar os sujeitos a tornar-se parte da produção pedagógica, individual e social e resgatar a dimensão pedagógica do espaço social escolar, significa compreendê-lo por sua natureza politica e pedagógica.
De acordo com pensamento de Cortella (2004) apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto Galera3, as representações do espaço escolar estão permeadas por duas ordens “os produtos materiais (as coisas) que estão impregnados de idealidade e os produtos ideais (as ideias) que estão entranhadas de materialidade, esta treliça de elementos: físico, humano e ambiental ao serem interpretados passam a ter um significado maior, o qual chamamos “conhecimento”.
Esta bagagem pedagógico-cultural quando construída num processo interacção e na intensificação das relações, de forma crítica e participativa, acabam por determinar as mudanças e geram a riqueza necessária ao trabalho pedagógico.
Na verdade este modelo de prática social pedagógica é considerado um avanço para a transformação do espaço escolar.
Para além do determinismo da physis (palavra grega que significa "natureza"), os humanos criam o ethos, que, em um segundo momento, passa a representar, além do abrigo, o conjunto de produtos culturais que identifica um grupo, uma comunidade e uma sociedade. No sentido literal ou figurativo, o ethos é a casa do homem e, portanto, necessita ser preservado. Mas são muitas as nossas casas. Uma delas é a escola que, embora seja diferente do espaço em que vivem os que a frequentam, exige deles o mesmo cuidado. E cuidado deriva de respeito, o princípio fundamental da ética. Respeitar implica reconhecer o outro e a existência junto com ele num tempo e local específicos.
O ambiente escolar como um espaço público no qual grande parte de nossas crianças e jovens passam seu tempo é um dos lugares que permitem exercitar tal convívio. A estrutura física da escola, assim como sua organização, manutenção e segurança, revela muito sobre a vida que ali se desenvolve.
Os educadores têm pensado na organização desse espaço? O trabalho educativo não se limita à sala de aula, mas, se a configuração desse ambiente for acolhedora, poderá contribuir para tornar mais prazeroso o trabalho que ali se faz. Serão assim as nossas salas de aula? Pensarão os gestores nesses assuntos ou os deixarão em segundo plano, envolvidos que estão com as chamadas "questões pedagógicas"? Ora, o primeiro passo para se envolver com os aspectos relacionados ao espaço físico é considerá-los pedagógicos. É aí que a dimensão ética se articula com a estética, de modo estreito.
Escola bonita não deve ser apenas um prédio limpo e bem planejado, mas um espaço no qual se intervém de maneira a favorecer sempre o aprendizado, fazendo com que as pessoas possam se sentir confortáveis e consigam reconhecê-lo como um lugar que lhes pertence.
Hoje falamos muito sobre sustentabilidade. Apontamos o dever ético, comum a todos os seres vivos, de cuidar da casa que habitamos no presente, de forma a preservá-la para que se mantenha efectivamente acolhedora para aqueles que vierem depois. A Terra é nossa morada, temos uma responsabilidade planetária.
Nas escolas, procura-se fazer um trabalho de conscientização, apontando os riscos e danos a que estaremos expostos se não estivermos atentos às questões relacionadas à exploração do meio ambiente e às intervenções que podem provocar sua destruição.
Os educadores devem empenhar-se na tarefa de despertar uma consciência crítica em relação ao cuidado com o planeta. Contudo, essa preocupação só terá sentido se partir da atenção com o espaço mais restrito, que é o do país, da cidade e da casa. Da casa que é a nossa escola.
O espaço escolar educa, pois a relação entre usuários e espaço físico vai além do formal, nele estão representado sua dimensão simbólica e pedagógica e através da sua arquitectura podemos ler e interpretar a História da Educação e que ao mesmo tempo podemos ler a própria história dos poderes. A este espaço que comunica, mostra a quem sabe ler, o emprego que o ser humano faz dele mesmo, que varia em cada cultura e que é um produto cultural específico, não só das relações interpessoais, mas também dos ritos sociais, à simbologia das disposições dos objectos e dos corpos, à sua hierarquia e relações”.(FRAGO;ESCOLANO,1998) apud Eloisa Helena da Rosai2 & Joscejy Bassetto Galera3





Bibliografia

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