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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Crescimento economico

 

1.Introdução

O presente trabalho é um exercício científico baseado em consulta bibliográfica em torno do crescimento económico.

Numa visão conceitual crescimento económico é a presença de transformações económicas e sócias no processo continuado a longo prazo de aumento da capacidade de oferecer a população maior quantidade e diversidade de bens e serviços.

  Neste sentido, a produtividade estimula o progresso económico. Foi através do aumento da produção por unidade de Input no tempo que a raça humana conseguiu comandar as forças da Natureza e, neste processo, moldou-se como cultura (CASTELLS, M. 2000).

Segundo a escola neoclássica, crescimento económico é determinado pela variação do PIB e sua relação com o crescimento demográfico de um país. Nos fins da década de 50, o pensamento neokeynesiano buscou entender o crescimento económico como um processo.

O crescimento económico, nos dias actuais, é avaliado pela sua capacidade qualitativa de gerar riquezas e não mais quantitativa, como pensava-se no início do século XX. Todo crescimento económico específico de um país apresenta origens históricas enraizadas.

O crescimento não deve ser compreendido somente no foco do aumento do produto per capita, mas num conjunto de processos dinâmicos nas actividades produtivas. Toda actividade produtiva tem em si fases de planeamento e acções com início, meio e fim susceptíveis a mudanças tecnológicas e económicas.

Empresas, instituições e grupos de trabalho compõem um mercado que induz e necessita de constante renovação tecnológica, novas formas de gestão e coordenação administrativa que influenciam na expansão do crescimento. O crescimento de um país está ligado à inovações tecnológicas, à investimentos em educação que assegure a distribuição de renda.

Deve-se considerar, que para um país crescer, é de suma necessidade a oferta de capital humano e a capacidade de consumo da população. A qualidade de vida e consumo de uma determinada faixa da população impulsiona o crescimento económico de uma nação.

 

 

2.Conceituação:

O crescimento económico pode ser definido como sendo o aumento sustentado de uma unidade económica durante um ou vários períodos longos. A sua avaliação faz-se através da análise de certos índices: Produto Interno Bruto (PIB) ou Produto Nacional Bruto (PNB).

Por outro lado, segundo Kuznets crescimento económico, é a presença de transformações económicas e sociais no processo continuado a longo prazo de aumento da capacidade de oferecer a população maior quantidade e diversidade de bens e serviços.

3.Desenvolvimento teórico

Nas condições identificadas por Kuznets, para diferenciar o crescimento económico moderno, há uma alusão directa as transformações estruturais que acompanham e viabilizam o aumento sustentado do produto per capital. É o próprio Kuznets, que explica a relevância dessas condições de mudanças estrutural. ”Um qualquer período longo implica uma interacção entre mudanças tecnológicas e inovação e não apenas com alterações institucionais mas também com mudanças nas crenças geradas pelas sociedades que nele participam.” (Kuznets,1966).

O crescimento económico, de longo prazo e indissociável da mudança estrutural e da inovação, desenvolvendo analise sobre o comportamento dinâmico das economias exteriores a marco-modelos de equilíbrio geral.

Resumindo, na longa duração encontramos duas temáticas que a ciência económica tem diferenciado: (1) O crescimento per capital sustentado e a identificação dos factores que o determinam; (2) A mudança estrutural e a inovação entendidas como traços distintivos da performance diferenciada de longo prazo que o capitalismo reveste face a outros sistemas de organização económica e social.

A taxa de variação do produto tributária dos desenvolvimentos que o sistema de Contas Nacionais tem experimentado ao longo do tempo, do ponto de vista do afinamento da medida do produto que essa evolução configura. Quer se utilize a via do produto per capital (Produto/População) ou a da produtividade (Produto/Activos, empregados), ambos os indicadores dependem, no respectivo numerador, da medida rigorosa do produto.

 

 

3.1.O cálculo de taxas de crescimento

Como ponto de partida para a análise dos indicadores acima referidos, e tomando como ilustração o produto ou rendimento por habitante, (também habitualmente designado por rendimento per capital ou RPC),em termos estáticos este indicador e dado pelo quociente:

O cálculo das taxas de crescimento obriga a resolver previamente duas questões. A primeira, diz respeito ao modelo de taxa a adoptar, consoante se admita um tempo discreto ou continuo. A segunda, esta ligada a necessidade de taxa calculada representar, tanto quanto possível, a tendência de crescimento da economia, independentemente de flutuações conjunturais.

Dado que o crescimento económico e um fenómeno de longo prazo, a taxa de crescimento deve exprimir basicamente a variação do produto independentemente das flutuações de curto prazo.    

3.2.Factores de crescimento económico

v  Capital físico

v  Capital humano

v  Progresso técnico

3.2.1.Capital humano

Não há produção sem trabalho humano enquanto factor de crescimento, o valor do capital humano deve ser considerado fundamentalmente como o valor da formação que as pessoas adquiram os saberes, ou seja, a sua componente quantitativa, tem a ver, não com a medição do capital humano, mas sim com a capacidade dessas pessoas de contribuírem para o processo produtiva.

3.2.2.Progresso técnico

Progresso técnico distingue-se do capital físico e do humano, porque inclui aspectos quantitativos.

3.4.  Fases de crescimento económico segundo Rostow  

Walt whitman Rostow, (1917-2003) tentou encontrar um padrão explicativo de crescimento económico aplicável a todas as economias.

Assim, admitiu que o crescimento surge quando um país consegue romper com os bloqueios e resistências próprias das sociedades tradicionais.

3.5.O crescimento económico de um país atravessaria cinco fases em sequência:

A sociedade tradicional, a fase dos pré-condições para o tare-off, a fase de tare off (descolagem), a fase de caminho para a maturidade e a fase de grande consumo de massa.

ü  As sociedades tradicionais baseadas na agricultura, aplicando a produção ciência e tecnologia moderna, onde impera o fatalismo.

ü  As fases das pré-condições param o tare-off em que se generaliza uma atitude favorável ao progresso, melhor o acesso a educação, incrementa-se o sistema financeiro e surgem empresas industriais modernas com novos métodos de gestão.

Estes elementos de progresso mantém-se limitados a alguns sectores da sociedade.

ü  A fase de tare-off (descolagem) e a fase da grande expansão das forcas de progresso o crescimento económico começa a ser um facto normal. A taxa de investimento em propagação do PIB aumento fortemente, novos sectores industrias expandem-se rapidamente, com perda  de peso da agricultura quer na população empregue no PIB. As zonas urbanas expandem-se também de uma forma acelerada.

ü  A fase do caminho para mutualidade

Em que o investimento se mantem com uma percentagem elevada do PIB, a economia se insere no comercio internacional, a tecnologia continua a processos mais complexos e avançados.

ü  Fase de grande consumo de massa

E a fase em que os sectores motores da economia passam a ser os sectores industriais de bens de consumo duradouro e os serviços se alargam enormemente os recursos gastos no bem-estar social (estado providencia) e a fase da soberana do consumidor

 

 3.6.Teoria do crescimento económico (As dinâmicas grandiosas de Smith e Malthus) 

 Até os primeiros economistas procuraram uma explicação da evolução do produto e dos salários.

Os preços e as produções dependem somente do trabalho. Cada mercadoria transacciona-se a preços que são proporcionais à quantidade de trabalho exigida para a produzir. Se um castor levasse duas vezes mais tempo a procurar e a caçar do que um veado então o castor custaria duas vezes mais do que o veado. Numa economia em que os preços são determinados pela quantidade de trabalho com que cada bem é produzido vigora a “teoria do valor trabalho”.

Numa economia com a descrita por Smith, o custo médio do trabalho determinaria o preço independentemente do número de bens que houvesse. A oferta e a procura estavam a funcionar na idade de ouro e a situação é tão simples que não se necessita a elaboração de uma teoria para a explicar. As curvas de oferta de longo prazo para os diferentes bens são simplesmente linhas horizontais de custos médios e portanto os preços são determinados pelos custos de trabalho.

Os salários correspondem a totalidade do rendimento nacional, dado que nada é subtraído para a renda da terra ou para juro do capital. O produto cresce em correspondência com a população e aterra não é limitativa do produto, pelo que não se verificam rendimentos decrescentes. O salário real por trabalhador é portanto constante ao longo do tempo.

3.7.Crescimento económico com Acumulação de Capital: O Modelo Neoclássico

Embora os economistas clássicos salientassem o papel da escassez da terra no crescimento económico, a história regista que os empresários e o capital e não os proprietários de terra e a terra, passaram desde o início do século XIX a ser os maestros da banda. A terra não passou a ser cada vez mais escassa. Ao invés, a Revolução Industrial trouxe equipamento cada vez mais poderoso que aumentou a produção, fabricas que juntaram equipas de trabalhadores em empresas gigantes, caminhos-de-ferro e navios a vapor que puseram em contacto os pontos mais afastados do globo e ferro e aço que tornaram possível maquinas mais fortes e locomotivas mais rápidas.

Quando as economias de mercado entraram no século XX surgiram importantes ramos de actividade em torno dos telefones, dos automóveis e da energia eléctrica. A acumulação de capital e as novas tecnologias tornaram-se a força dominante que afecta o desenvolvimento económico.

Para compreender como a acumulação de capital e progresso tecnológico afectam a economia, temos de considerar o modelo neoclássico de crescimento económico. Esta abordagem foi iniciada por Robert Solow, do MIT, que foi galardoado com o premio Nobel de 1987 por esta e outras contribuições para a teoria do crescimento económico.

3.8.Pressupostos Básicos

O modelo neoclássico de crescimento descreve uma economia em que é produzido um único produto homogéneo por dois tipos de factores, o capital e o trabalho. Ao contrário da analise de Malthus, o crescimento do trabalho é determinado por forças exteriores a economia e não é afectado pelas variáveis económicas.

O capital consiste nos bens duráveis como fabricas e habitações, equipamento como computadores e máquinas-ferramentas e existências em armazéns de bens acabados ou em vias de fabrico.

Em concorrência perfeita e sem risco ou inflação, a taxa de rendibilidade do capital é igual a taxa de juro real das obrigações de outros activos financeiros.

Analisando agora o processo de crescimento económico, os economistas salientam a necessidade de intensificação do capital, que é o processo pelo qual a quantidade de capital por trabalhador aumenta ao longo do tempo.

3.9.Progresso Tecnológico e Crescimento Continuo

O progresso tecnológico corresponde às alterações no processo de produção ou à introdução de novos produtos de tal forma que pode ser obtida uma maior quantidade, ou um produto melhor, a partir do mesmo conjunto de factores.

Na maior parte dos casos, os avanços tecnológicos do tipo gradual e não publicitado de pequenas melhorias aumentam a qualidade ou a quantidade do produto. Contudo, ocasionalmente, alterações da tecnologia dão origem a títulos de jornais e produzem imagens inesquecíveis.

O progresso tecnológico significa que pode ser produzido mais produtos com as mesmas contribuições de capital e de trabalho.

 

 

 

3.10.As Tendências e as Fontes do Crescimento Economico

Nas economias de mercado avançadas o crescimento económico é determinado fundamentalmente pelo crescimento dos factores de produção (em especial do trabalho e de capital) e pelo progresso tecnológico.

3.11.Sete Tendências Básicas do Desenvolvimento Economico

ü  A população e a população activa aumentaram mas segundo uma taxa mais moderada do que o capital existente, donde resultou a intensificação do capital;

ü  Houve uma forte tendência de aumento do nível dos salários reais;

ü  A parcela dos salários e ordenados no rendimento nacional aumentou muito ligeiramente a longo prazo;

ü  Verificaram-se importantes oscilações nas taxas de juro reais e na taxa de lucro, em especial durante os ciclos económicos, mas não se verificou uma tendência de subida ou de descida durante este século;

ü  Em vez de um aumento continuo que seria previsível segundo a lei dos rendimentos decrescentes, o rácio capital-produto diminui efectivamente desde 1900. Contudo, desde 1950 a alteração foi muito pequena;

ü  Durante a maior parte do século XX, os rácios da poupança nacional e do investimento em relação ao PNB mantiveram-se estáveis. Desde 1980, contudo, o elevado défice orçamental federal conduziu a um acentuado declínio da taxa de poupança nacional;

ü  Apôs e exclusão dos efeitos do ciclo económico, o produto nacional aumentou a uma média próxima dos 3% ao ano. O crescimento do produto tem sido muito superior à média ponderada do crescimento do capital, do trabalho e dos recursos, sugerindo que a inovação tecnológica desempenhou um papel chave no crescimento económico.

3.12.O Crescimento Economico da Economia Mista

Embora as setes tendências da história económica não sejam como as leis imutáveis da química, elas representam factos fundamentais sobre imutáveis da química, elas representam factos fundamentais sobre o crescimento económico.

As tendências 2a e 1a – maiores níveis salariais quando o capital se intensificar – enquadram-se perfeitamente nas teorias clássicas e neoclássicas da produção e da distribuição. A 3a tendência que a quota dos salários cresceu muito pouco é uma interessante coincidência que é consistente com uma ampla variedade de funções de produção relacionado Q com L e K.

A 4a e 5a tendências, são aviso de que a teoria neoclássica não é sustentável de uma forma estatística. Uma taxa de lucro constante e um rácio capital-produto decrescente, ou constante, não pode verificar-se se o rácio K/L aumentar num mundo em que a tecnologia sofre alterações; em conjunto contradizem a lei básica dos rendimentos decrescentes decorrente de intensificação do capital. Temos portanto de reconhecer o papel chave do progresso tecnológico na explicação das sete tendências do moderno crescimento económico.

3.13.As fontes do crescimento económico

Os economistas não ficam satisfeitos com tendências e teorias. Sob a liderança de Robert Solow, John Kendrick e Edward Denison, os arquivologistas económicos começaram a desenterrar as fontes do crescimento económico. De posse de teorias, bem como das tendências, temos actualmente uma melhor compreensão das causas do crescimento dos países.

3.14.A abordagem pela contabilidade do crescimento

Estudos detalhados do crescimento económico baseiam-se no que é designado por contabilidade do crescimento. Esta técnica não é um balanço ou a conta do produto nacional do tipo que encontramos em capítulos anteriores. Em vez disso, é uma forma de contabilidade exaustiva dos ingredientes que conduzem às tendências observadas de crescimento.

 

 

 

 

 

 

 

4.Conclusão

Chegado ao extremo final deste trabalho, conclui-se que, o termo crescimento distingue-se de desenvolvimento por significar um aumento quantitativo da produção, cujas consequências serão o enriquecimento da nação e a elevação do nível de vida, mas sem a preocupação da melhoria das condições de vida da sociedade. Contrapõe-se, por isso, ao desenvolvimento, que, para além do crescimento propriamente dito, pressupõe a sua repercussão sobre a qualidade de vida das pessoas e sobre o sistema social em geral. Ou seja, toma em atenção a estrutura de repartição dos rendimentos a par do aumento do PNB.

Privilegiando o quantitativo, os autores clássicos ignoram o desenvolvimento global da sociedade, cuja política deverá ser autónoma. Já sabemos que um crescimento desmedido, sem uma política de desenvolvimento capaz que o suporte, leva a situações que negam o próprio crescimento; a poluição, o desperdício das riquezas naturais, as situações de conflitos mundiais, a insustentável acumulação de bens, as desigualdades sociais, são exemplos de gritos de alarme dados pelos teóricos do desenvolvimento, que atribuem ao crescimento económico o papel de assegurar a repartição mais equilibrada dos recursos para assegurar a satisfação das necessidades vitais dos homens e, assim, prosseguir a erradicação da pobreza e da miséria. Estas são formas de exclusão social que se tornam cada vez mais visíveis, a nível mundial, à medida que o crescimento económico prossegue de forma discrepante.

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia

AMARAL, J.Fereira, SERRA, A. Almeida et all. Economia do crescimento; Almedina SA; 2008;

CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede; 3a edição, Fundação Calouste Gulbenkian; Vol.1; 2000;

DINIZ, F.J.Lopes de Sousa. Crescimento e desenvolvimento económico: Modelos e agentes do processo; Edicoes Silabo; 1a edição; Lisboa; 2006;

PESSOA, A.M.F.Argentino & SILVA, Maria Rui. Crescimento económico; 2a edição; escolar editora;

SAMUESON, Paul A. & NARDHAUS, William D. economia; 10a e 4a edição; McGraw-Hill; Portugal.

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