1.Introdução
O
presente trabalho é um exercício científico baseado em consulta bibliográfica
em torno do crescimento económico.
Numa
visão conceitual crescimento económico é a presença de transformações
económicas e sócias no processo continuado a longo prazo de aumento da
capacidade de oferecer a população maior quantidade e diversidade de bens e
serviços.
Neste sentido, a produtividade estimula o
progresso económico. Foi através do aumento da produção por unidade de Input no tempo que a raça humana
conseguiu comandar as forças da Natureza e, neste processo, moldou-se como
cultura (CASTELLS, M. 2000).
Segundo
a escola neoclássica, crescimento económico é determinado pela variação do PIB
e sua relação com o crescimento demográfico de um país. Nos fins da década de
50, o pensamento neokeynesiano buscou entender o crescimento económico como um
processo.
O
crescimento económico, nos dias actuais, é avaliado pela sua capacidade qualitativa
de gerar riquezas e não mais quantitativa, como pensava-se no início do século
XX. Todo crescimento económico específico de um país apresenta origens
históricas enraizadas.
O
crescimento não deve ser compreendido somente no foco do aumento do produto per
capita, mas num conjunto de processos dinâmicos nas actividades produtivas.
Toda actividade produtiva tem em si fases de planeamento e acções com início,
meio e fim susceptíveis a mudanças tecnológicas e económicas.
Empresas,
instituições e grupos de trabalho compõem um mercado que induz e necessita de
constante renovação tecnológica, novas formas de gestão e coordenação
administrativa que influenciam na expansão do crescimento. O crescimento de um
país está ligado à inovações tecnológicas, à investimentos em educação que assegure
a distribuição de renda.
Deve-se
considerar, que para um país crescer, é de suma necessidade a oferta de capital
humano e a capacidade de consumo da população. A qualidade de vida e consumo de
uma determinada faixa da população impulsiona o crescimento económico de uma
nação.
2.Conceituação:
O
crescimento económico pode ser definido como sendo o aumento sustentado de uma
unidade económica durante um ou vários períodos longos. A sua avaliação faz-se
através da análise de certos índices: Produto Interno Bruto (PIB) ou Produto
Nacional Bruto (PNB).
Por
outro lado, segundo Kuznets crescimento económico, é a presença de transformações
económicas e sociais no processo continuado a longo prazo de aumento da capacidade
de oferecer a população maior quantidade e diversidade de bens e serviços.
3.Desenvolvimento teórico
Nas
condições identificadas por Kuznets, para diferenciar o crescimento económico
moderno, há uma alusão directa as transformações estruturais que acompanham e
viabilizam o aumento sustentado do produto per capital. É o próprio Kuznets, que
explica a relevância dessas condições de mudanças estrutural. ”Um qualquer
período longo implica uma interacção entre mudanças tecnológicas e inovação e
não apenas com alterações institucionais mas também com mudanças nas crenças
geradas pelas sociedades que nele participam.” (Kuznets,1966).
O
crescimento económico, de longo prazo e indissociável da mudança estrutural e
da inovação, desenvolvendo analise sobre o comportamento dinâmico das economias
exteriores a marco-modelos de equilíbrio geral.
Resumindo,
na longa duração encontramos duas temáticas que a ciência económica tem
diferenciado: (1) O crescimento per capital sustentado e a identificação dos
factores que o determinam; (2) A mudança estrutural e a inovação entendidas
como traços distintivos da performance diferenciada de longo prazo que o
capitalismo reveste face a outros sistemas de organização económica e social.
A
taxa de variação do produto tributária dos desenvolvimentos que o sistema de
Contas Nacionais tem experimentado ao longo do tempo, do ponto de vista do
afinamento da medida do produto que essa evolução configura. Quer se utilize a
via do produto per capital (Produto/População) ou a da produtividade (Produto/Activos,
empregados), ambos os indicadores dependem, no respectivo numerador, da medida
rigorosa do produto.
3.1.O cálculo de taxas de
crescimento
Como
ponto de partida para a análise dos indicadores acima referidos, e tomando como
ilustração o produto ou rendimento por habitante, (também habitualmente
designado por rendimento per capital ou RPC),em termos estáticos este indicador
e dado pelo quociente:
O cálculo das taxas de
crescimento obriga a resolver previamente duas questões.
A primeira, diz respeito ao modelo de taxa a adoptar, consoante se admita um
tempo discreto ou continuo. A segunda, esta ligada a necessidade de taxa calculada
representar, tanto quanto possível, a tendência de crescimento da economia,
independentemente de flutuações conjunturais.
Dado
que o crescimento económico e um fenómeno de longo prazo, a taxa de crescimento
deve exprimir basicamente a variação do produto independentemente das
flutuações de curto prazo.
3.2.Factores de
crescimento económico
v Capital
físico
v Capital
humano
v Progresso
técnico
3.2.1.Capital
humano
Não
há produção sem trabalho humano enquanto factor de crescimento, o valor do
capital humano deve ser considerado fundamentalmente como o valor da formação
que as pessoas adquiram os saberes, ou seja, a sua componente quantitativa, tem
a ver, não com a medição do capital humano, mas sim com a capacidade dessas
pessoas de contribuírem para o processo produtiva.
3.2.2.Progresso
técnico
Progresso
técnico distingue-se do capital físico e do humano, porque inclui aspectos
quantitativos.
3.4. Fases de crescimento económico segundo Rostow
Walt
whitman Rostow, (1917-2003) tentou encontrar um padrão explicativo de
crescimento económico aplicável a todas as economias.
Assim,
admitiu que o crescimento surge quando um país consegue romper com os bloqueios
e resistências próprias das sociedades tradicionais.
3.5.O crescimento
económico de um país atravessaria cinco fases em sequência:
A
sociedade tradicional, a fase dos pré-condições para o tare-off, a fase de tare
off (descolagem), a fase de caminho para a maturidade e a fase de grande
consumo de massa.
ü As sociedades
tradicionais baseadas na agricultura, aplicando a
produção ciência e tecnologia moderna, onde impera o fatalismo.
ü As fases das
pré-condições param o tare-off em que se generaliza uma
atitude favorável ao progresso, melhor o acesso a educação, incrementa-se o
sistema financeiro e surgem empresas industriais modernas com novos métodos de
gestão.
Estes
elementos de progresso mantém-se limitados a alguns sectores da sociedade.
ü A fase de tare-off
(descolagem) e a fase da grande expansão das forcas
de progresso o crescimento económico começa a ser um facto normal. A taxa de
investimento em propagação do PIB aumento fortemente, novos sectores industrias
expandem-se rapidamente, com perda de
peso da agricultura quer na população empregue no PIB. As zonas urbanas
expandem-se também de uma forma acelerada.
ü A fase do caminho para
mutualidade
Em
que o investimento se mantem com uma percentagem elevada do PIB, a economia se
insere no comercio internacional, a tecnologia continua a processos mais complexos
e avançados.
ü Fase de grande consumo de
massa
E
a fase em que os sectores motores da economia passam a ser os sectores
industriais de bens de consumo duradouro e os serviços se alargam enormemente
os recursos gastos no bem-estar social (estado providencia) e a fase da soberana
do consumidor
3.6.Teoria do crescimento económico
(As
dinâmicas grandiosas de Smith e Malthus)
Até os primeiros economistas procuraram uma
explicação da evolução do produto e dos salários.
Os
preços e as produções dependem somente do trabalho. Cada mercadoria
transacciona-se a preços que são proporcionais à quantidade de trabalho exigida
para a produzir. Se um castor levasse duas vezes mais tempo a procurar e a
caçar do que um veado então o castor custaria duas vezes mais do que o veado.
Numa economia em que os preços são determinados pela quantidade de trabalho com
que cada bem é produzido vigora a “teoria
do valor trabalho”.
Numa
economia com a descrita por Smith, o custo médio do trabalho determinaria o
preço independentemente do número de bens que houvesse. A oferta e a procura
estavam a funcionar na idade de ouro e a situação é tão simples que não se
necessita a elaboração de uma teoria para a explicar. As curvas de oferta de
longo prazo para os diferentes bens são simplesmente linhas horizontais de
custos médios e portanto os preços são determinados pelos custos de trabalho.
Os
salários correspondem a totalidade do rendimento nacional, dado que nada é
subtraído para a renda da terra ou para juro do capital. O produto cresce em
correspondência com a população e aterra não é limitativa do produto, pelo que
não se verificam rendimentos decrescentes. O salário real por trabalhador é
portanto constante ao longo do tempo.
3.7.Crescimento económico
com Acumulação de Capital: O Modelo Neoclássico
Embora
os economistas clássicos salientassem o papel da escassez da terra no
crescimento económico, a história regista que os empresários e o capital e não
os proprietários de terra e a terra, passaram desde o início do século XIX a
ser os maestros da banda. A terra não passou a ser cada vez mais escassa. Ao
invés, a Revolução Industrial trouxe equipamento cada vez mais poderoso que
aumentou a produção, fabricas que juntaram equipas de trabalhadores em empresas
gigantes, caminhos-de-ferro e navios a vapor que puseram em contacto os pontos
mais afastados do globo e ferro e aço que tornaram possível maquinas mais
fortes e locomotivas mais rápidas.
Quando
as economias de mercado entraram no século XX surgiram importantes ramos de actividade
em torno dos telefones, dos automóveis e da energia eléctrica. A acumulação de
capital e as novas tecnologias tornaram-se a força dominante que afecta o
desenvolvimento económico.
Para
compreender como a acumulação de capital e progresso tecnológico afectam a
economia, temos de considerar o modelo neoclássico de crescimento económico.
Esta abordagem foi iniciada por Robert Solow, do MIT, que foi galardoado com o
premio Nobel de 1987 por esta e outras contribuições para a teoria do
crescimento económico.
3.8.Pressupostos Básicos
O
modelo neoclássico de crescimento descreve uma economia em que é produzido um
único produto homogéneo por dois tipos de factores, o capital e o trabalho. Ao contrário
da analise de Malthus, o crescimento do trabalho é determinado por forças
exteriores a economia e não é afectado pelas variáveis económicas.
O
capital consiste nos bens duráveis como fabricas e habitações, equipamento como
computadores e máquinas-ferramentas e existências em armazéns de bens acabados
ou em vias de fabrico.
Em
concorrência perfeita e sem risco ou inflação, a taxa de rendibilidade do
capital é igual a taxa de juro real das obrigações de outros activos
financeiros.
Analisando
agora o processo de crescimento económico, os economistas salientam a
necessidade de intensificação do capital, que é o processo pelo qual a
quantidade de capital por trabalhador aumenta ao longo do tempo.
3.9.Progresso Tecnológico
e Crescimento Continuo
O
progresso tecnológico corresponde às alterações no processo de produção ou à
introdução de novos produtos de tal forma que pode ser obtida uma maior
quantidade, ou um produto melhor, a partir do mesmo conjunto de factores.
Na
maior parte dos casos, os avanços tecnológicos do tipo gradual e não
publicitado de pequenas melhorias aumentam a qualidade ou a quantidade do
produto. Contudo, ocasionalmente, alterações da tecnologia dão origem a títulos
de jornais e produzem imagens inesquecíveis.
O
progresso tecnológico significa que pode ser produzido mais produtos com as
mesmas contribuições de capital e de trabalho.
3.10.As Tendências e as
Fontes do Crescimento Economico
Nas
economias de mercado avançadas o crescimento económico é determinado
fundamentalmente pelo crescimento dos factores de produção (em especial do
trabalho e de capital) e pelo progresso tecnológico.
3.11.Sete Tendências
Básicas do Desenvolvimento Economico
ü A
população e a população activa aumentaram mas segundo uma taxa mais moderada do
que o capital existente, donde resultou a intensificação do capital;
ü Houve
uma forte tendência de aumento do nível dos salários reais;
ü A
parcela dos salários e ordenados no rendimento nacional aumentou muito
ligeiramente a longo prazo;
ü Verificaram-se
importantes oscilações nas taxas de juro reais e na taxa de lucro, em especial
durante os ciclos económicos, mas não se verificou uma tendência de subida ou
de descida durante este século;
ü Em
vez de um aumento continuo que seria previsível segundo a lei dos rendimentos
decrescentes, o rácio capital-produto diminui efectivamente desde 1900.
Contudo, desde 1950 a alteração foi muito pequena;
ü Durante
a maior parte do século XX, os rácios da poupança nacional e do investimento em
relação ao PNB mantiveram-se estáveis. Desde 1980, contudo, o elevado défice
orçamental federal conduziu a um acentuado declínio da taxa de poupança
nacional;
ü Apôs
e exclusão dos efeitos do ciclo económico, o produto nacional aumentou a uma
média próxima dos 3% ao ano. O crescimento do produto tem sido muito superior à
média ponderada do crescimento do capital, do trabalho e dos recursos,
sugerindo que a inovação tecnológica desempenhou um papel chave no crescimento
económico.
3.12.O Crescimento
Economico da Economia Mista
Embora
as setes tendências da história económica não sejam como as leis imutáveis da
química, elas representam factos fundamentais sobre imutáveis da química, elas
representam factos fundamentais sobre o crescimento económico.
As
tendências 2a e 1a – maiores níveis salariais quando o
capital se intensificar – enquadram-se perfeitamente nas teorias clássicas e
neoclássicas da produção e da distribuição. A 3a tendência que a
quota dos salários cresceu muito pouco é uma interessante coincidência que é
consistente com uma ampla variedade de funções de produção relacionado Q com L
e K.
A
4a e 5a tendências, são aviso de que a teoria neoclássica
não é sustentável de uma forma estatística. Uma taxa de lucro constante e um
rácio capital-produto decrescente, ou constante, não pode verificar-se se o
rácio K/L aumentar num mundo em que a tecnologia sofre alterações; em conjunto
contradizem a lei básica dos rendimentos decrescentes decorrente de
intensificação do capital. Temos portanto de reconhecer o papel chave do
progresso tecnológico na explicação das sete tendências do moderno crescimento
económico.
3.13.As fontes do
crescimento económico
Os
economistas não ficam satisfeitos com tendências e teorias. Sob a liderança de
Robert Solow, John Kendrick e Edward Denison, os arquivologistas económicos
começaram a desenterrar as fontes do crescimento económico. De posse de teorias,
bem como das tendências, temos actualmente uma melhor compreensão das causas do
crescimento dos países.
3.14.A abordagem
pela contabilidade do crescimento
Estudos
detalhados do crescimento económico baseiam-se no que é designado por
contabilidade do crescimento. Esta técnica não é um balanço ou a conta do
produto nacional do tipo que encontramos em capítulos anteriores. Em vez disso,
é uma forma de contabilidade exaustiva dos ingredientes que conduzem às
tendências observadas de crescimento.
4.Conclusão
Chegado
ao extremo final deste trabalho, conclui-se que, o termo crescimento
distingue-se de desenvolvimento por significar um aumento quantitativo da
produção, cujas consequências serão o enriquecimento da nação e a elevação do
nível de vida, mas sem a preocupação da melhoria das condições de vida da
sociedade. Contrapõe-se, por isso, ao desenvolvimento, que, para além do
crescimento propriamente dito, pressupõe a sua repercussão sobre a qualidade de
vida das pessoas e sobre o sistema social em geral. Ou seja, toma em atenção a
estrutura de repartição dos rendimentos a par do aumento do PNB.
Privilegiando
o quantitativo, os autores clássicos ignoram o desenvolvimento global da
sociedade, cuja política deverá ser autónoma. Já sabemos que um crescimento
desmedido, sem uma política de desenvolvimento capaz que o suporte, leva a
situações que negam o próprio crescimento; a poluição, o desperdício das
riquezas naturais, as situações de conflitos mundiais, a insustentável
acumulação de bens, as desigualdades sociais, são exemplos de gritos de alarme
dados pelos teóricos do desenvolvimento, que atribuem ao crescimento económico
o papel de assegurar a repartição mais equilibrada dos recursos para assegurar
a satisfação das necessidades vitais dos homens e, assim, prosseguir a
erradicação da pobreza e da miséria. Estas são formas de exclusão social que se
tornam cada vez mais visíveis, a nível mundial, à medida que o crescimento
económico prossegue de forma discrepante.
Bibliografia
AMARAL,
J.Fereira, SERRA, A. Almeida et all. Economia
do crescimento; Almedina SA; 2008;
CASTELLS,
Manuel. A sociedade em Rede; 3a edição,
Fundação Calouste Gulbenkian; Vol.1; 2000;
DINIZ,
F.J.Lopes de Sousa. Crescimento e
desenvolvimento económico: Modelos e agentes do processo; Edicoes Silabo; 1a
edição; Lisboa; 2006;
PESSOA,
A.M.F.Argentino & SILVA, Maria Rui. Crescimento
económico; 2a edição; escolar editora;
SAMUESON,
Paul A. & NARDHAUS, William D. economia;
10a e 4a edição; McGraw-Hill; Portugal.
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