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quinta-feira, 18 de julho de 2013

A influência da desigualdade social no insucesso escolar do ensino primário



Por: Carlos Nivagara

 1. Introdução

A educação constitui um marco indispensável na vida dos cidadãos de todas as nações do mundo. Como tal, deve constituir prioridade para os governantes em termos de acolhemento aos alunos que garentem a estabilidade política, económica e socio­cultural dos povos, criando condições das infrastrutura e a formação contínua dos professores para garantir e assegurar o fluxo demográfico.
A aprendizagem é a razão de ser e finalidade da escola. Na medida e só na medida em que os alunos adquirem aprendizagem significativa e relevantes, sob o ponto de vista individual e social, é o que da sentido e justifica a atribuição de recursos humanos e materiais a escola assim como o desenvolvimento das suas diferentes actividades. Os recursos e actividades são um meio para se atingir essa finalidade fundamental da escola. Esse princípio deve orientar os processos de gestão e as diversas actividades, servindo como referência obrigatória para se realizar a avaliação do trabalho desenvolvido pelos diferentes agentes da comunidade (Nhavoto, Buendia e Bazo; 2009)

O presente trabalho, com o tema: A influência da desigualdade social no insucesso escolar do ensino primário, pretende-se fazer uma narração que consiste em trabalho de consulta bibliografica e uma análise comparativa de factos reais trazidas de alguns alunos da 5ª classe como amostra da Escola Primária Completa Unidade 13. Sendo assim, na primeira parte deste trabalho, depois dos objectivos, problema de estudo e a questão de partida, fazer-­se-­a a definição de alguns conceitos relevantes e seguida de um desenvolvimento teórico feito na base da consulta bibliografica.

Na segunda e última parte, a abordagem insidir-­se-­a na discusão de resultados como forma de conclusão, procurando trazer em vista os indicadores na qual nos baseamos.






2. Objectivos
2.1. Objectivo Geral
Fazer uma abordagem em torno da influência das desigualdades sociais no insucesso escolar no ensino primário.

2.2. Objectivos Especificos
  • Criar uma relação de conceitos de modo a gerar uma teoria sociológica
  • Descrever as teorias e os pensadores das desigualdade social
  • Formular uma conclusão com evidências a partir de trabalho de campo que consistirá em fazer uma comparação de alunos consoante a sua proveniência e estatuto social.


3. Problema de estudo e sua justificativa
Em Moçambique o ensino elitizado ja é notório, o que traz diferenças quanto ao nível de escolaridade entre as crianças.
A sociedade hierarquizada que sobreviveu até o final do século XIX e início do XX, o analfabetismo não era visto como uma deficiência. Mesmo os sem instrução tinham acesso a oficios que permitiam a eles e a suas famílias sobreviverem, tinham seu lugar na sociedade.
Actualmente, a mudança social que começou no final do século XIX, a sociedade se transformou profundamente, onde o dinheiro e o sucesso são valores que predominam na sociedade.
Como tal, há inquietação que surge em torno da educação para todos em Moçambique onde o indice da pobreza absoluta é maior. Sendo assim, estudar a influência da desigualdade social no insucesso escolar poderá ajudar na resolução deste problema.


4. Pergunta de partida
Até que ponto a desigualdade social influencia no insucesso escolar?

5. Definiçao de conceitos
Desigualdade­ carácter ou condição do que não é igual, desigualdade de condições; carácter do que não é liso, unido:
Ex: desigualdade de um terreno.
Carácter do que é variável, incostante:
Ex: desigualdade de génio.

 Social- adj. Que diz respeito a sociedade; ordem social; sociável.
Relativo a uma sociedade; própria dos sócios: carteira social.[1]
Desigualdade social­ está directamente relacionado à destribuição desigual de renda. Pode-­se ter desigualdade sem ter pobreza (pobreza relativa): um aumento de renda das camadas mais pobres pode melhorar a situação de pobreza extrema, sem, no entanto, modificar a situação de desigualdade social. Igualmente, a transferência de renda de sectores mais ricos para mais pobres, não implica necessariamente mudança na medida de pobreza.
Em alguma circunstâncias, pode-­se entender a pobreza como um  dos resultados da desigualdade social; todavia é importante levar em consideração a afirmação de (Alcock 1997, p.6) na qual, no capitalismo a desigualdade sempre existirá, mas a pobreza, mesmo neste sistema, não poderá ser aceita como algo natural e imutável, no próprio acto de a conceituá­la, há o reconhecimento de que se trata de um problema que exige respostas imediatas e que deve ser erradicado. Por isso, desigualdade é um conceito descritivo.[2]
Educação­ para Libâneo (1992), é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas (físicas, morais, intelectuais, estéticas) tendo em vista a orientação da actividade
Corresponde a toda modalidade de influência e inter­relações que convergem para a formação de traços de personalidade social do carácter, implicando uma concepção de mundo, ideiais, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios de acção frente a situações reais e desafios da vida prática. Por isso, a educação é um instituição social que se ordena no sistema educacional de um país.

6. Desenvolvimento teórico
A desigualdade perante e na escola é um dos assuntos que recorrentimente encontramos quando se discutem os problemas das sociedades democráticas, onde a percepção desta desigualdade como problema decorre do facto de ela ser considerada ilegítima, importante, persistente e universal. Boudon, (1990, p.533),

Inicialmente, a escola era vista como um espaço que permitia revelar as capacidades dos alunos, bastando organizá­la de modo que, estes assimilassem as regras e os valores em que assentam a vida em sociedade e o funcionamento da propria escola.
A representação dominante na análise das prestações escolares diferenciada era a que atribuia essas diferenças a capacidades inatas dos individuos. Sendo a época da procura das defições de inteligencia e de estudo da relaçao entre sucesso escolar.[3]
Essa difinições não tomando em consideração o papel do contexto no exrcício das diferentes modalidades de inteligéncia, estes estudos transformaram­se num generalizado exercício sociocentrismo cultura como diz Piaget.
Como tal, a definição de inteligéncia operacionalizada nos testes que, de forma maciça, foram aplicados era correspondentes à modalidade valorizada nos grupos sociais escolarizados das sociedades ocidentais.
 Com tudo, o facto de se ter verificado que muitos dos jovens de origem social modesta, e que até tinham tido bons resultados nos testes, não prosseguiam estudos esteve na origem da convicção de que haveria uma reserva de talentos não explorados nestes grupos sociais.
Se em muitas sociedades as desigualdades eram,ou ainda são hoje, justificadas pela herança obrigatória de vida ao nascimento. Nas sociedades industriais, em contrapartida, a sua legitimidade tem fundamento no sucesso económica do individuo.[4]
Nos anos 60, a escola era vista como o grande instrumento de que a sociedade dispunha para assegurar a igualdade de oportunidades entre os seus cidadãos na medida em que esta era vista não só como o local onde se poderia assegurar uma igualdade de oportunidade de aprendizagem, mas também como um sector de atribuição de recursos.[5]
O relatório de Coleman sobre a importância da escola perante as desigualdades sociais consederado histórico em termos de abordagem da igualdade de oportunidade por equacionar a igualdade de oportunidade se em termos de igualdade de acesso, mas como uma igualdade de sucesso e por outra, os resultados deste relatório vieram abalar as convicções, quer de cientistas quer de políticos, oque teve inúmeras consequências.
 Sendo assim, as duas conclusões mais relevantes indicam que, as diferenças entre grupos sociais tendem a manter­se ou a acentuar­se com a escolarização e regista­se maior variância no interior de cada escola do que entre escolas diferentes.
Numa outra perspectiva, quando se comparam os diferentes grupos étnicos e sociais ao longo dos vários pontos do percurso escolar considerado, a tendência geral é para a manutenção das respectivas posições onde os grupos que apresentarem melhores resultados nos primeiros anos de escolaridade são os que apresentam também resultados mais favoráveis nos últimos anos de escolaridade.
No entanto, considerando os grupos étnicos separadamente da America, verifica-­se que, se os brancos não são sensíveis às variações da qualidade da escola, os negros já o são.

6.1. Caracterização da família em termos objectivos e de atitudes em relação à educação
Para Pinto (1995), a relação entre as variáveis familiares objectivas e os resultados nos testes variam com o grupo étnico e o ano de escolaridade, sendo a relação mais forte encontrada para a etapa inicial de escolarização. De forma distinta, a relação entre o sucesso do aluno e as atitudes da respectiva família perante os estudos acentua-­se ao avançar o ano de escolaridade considerado. Acrescenta-se ainda que, as variáveis familiares objectivas, revelam influências diferentes sobre o sucesso escolar dos alunos, consoante os grupos étnicos de pertença onde para os brancos, as variações de sucesso mais significativas, em todo o percurso, registam-se com o nível de instrução familiar e para as crianças pertencentes a minoria, a influência das variáveis familiares objectivas difere ao longo do percurso escolar, sendo, na primeira parte do percurso escolar, o nível económico das famílias o que determina mais eficazmente o sucesso e o nível de instrução familiar o que parece ter maior influência nas etapas seguintes de escolaridade.[6]

6.2.Características escolares (equipamentos e programas)
As variáveis de equipamentos escolar (número de livros/aluno na biblioteca da escola, tipo de urbanismo escolar, existência de laboratório de ciência da natureza) e algumas particulardades dos programas (como a sua maior ou menor dimensão) não parencem afectar significativamente o sucesso dos alunos.

6.3.Características escolares  (corpo docente)
A relação entre as características do corpo docente e o sucesso dos alunos intensifica-­se à medida que se consideram anos mais avançados do percurso escoalr. Mas os alunos que são mais sensíveis às características do corpo docente são os provenientes de grupos sociais mais distanciados da cultura escolar.

6.4.Características escolares  (composição social do corpo discente)
Esta é a variável que aparece mais intensamente relacionada com as variações de rendimento escolar.
Dois alunos com a mesma origem social desfavorecida têm probabilidades diferentes de obter sucesso escolar consoante estejam em escolas com uma composição social discente mais favorecida ou menos.
São os que estão em escolas com composição social mais favorecida que têm mais hipótesex de conseguir melhores resultados.
6.5.Comparação entre diferentes grupos de variáveis escolares
Comparando a importância relativa dos três tipos de variáveis escolares apontados, verifica­-se que as variáveis de caracterização da escola são as que menos parecem influenciar o sucesso dos alunos, seguidas das características do corpo docente. Mais em alguns estudos, mostram que o aspecto forte correlacionado com o sucesso escoar é a composição social do meio escolar.[7]

6.6.Representações e imagens dos próprios alunos
As representações dos alunos foram abordadas em três perspectivas: a) o interesse do aluno pela escola; b) a imagem que o aluno tem dele próprio e; c) o sentido de controlo que tem sobre o meio envolvente. Os autores do relatório de COLEMAN concluem que, de entre todas as variáveis analizadas, são estas as que maior relação parecem ter com o sucesso do aluno.
Mas a análise mais detalhada das variações mostra situações específicas para os alunos da maioria branca e para os pertencentes a grupos minoritários com universos culturais distantes do universo escolar.
Primeiro, porque, o sentido do controlo do meio é superior entre os alunos da maioria branca do que entre os alunos de grupos minoritários.
Outro aspecto, a variável que mais sensível se mostra às variações de sucesso escolar é diferente para a maioria branca

7. Análise da EPC-Unidade 13 com base nas variáveis mencionadas em 6
Para EPC-Unidade 13 a relação entre as variáveis familiares, pais ou encarregados de educação e os resultados nos testes dos alunos variam com o grupo étnico e o nível de estabilidade social, ano de escolaridade, sendo a relação mais forte encontrada para a etapa inicial de escolarização. Esta realidade é conciliada com a afirmação do Pinto quando diz que, de uma forma distinta, a relação entre o sucesso do aluno e as atitudes da respectiva família perante os estudos acentua-­se ao avançar o ano de escolaridade considerado.
Nome do Aluno
Nome do pai
profissão
morada
Nome da mãe
profissão
morada
Nome do encarregado de educação
Profissão
Aproveitamento pedagógico
Glets M.Langa
Franciosco Langa
Montagem de tecto falso
congolote
Elina Jeremias
Comerciante formal
Congolote
Elina Jeremias
Comerciante formal
Psitivo
Estevão Joaquim
Joaquim Mussaque
motorista
Damasio
Efigénia Cardoso
Comerciante informal
Damasio
Linda Mussaque
Formadora na 2M
Negativo
ElisaEsau Gastão
Esau Gastão
Comerciante formal
Chamanculo D
Joana Galice
Comerciante formal
Chamanculo D
Esau Gastão
Comerciante formal
positivo
Esperança Wate
João Wate
pedreiro
Beira
Olinda Massingue
Domestica
Chamanculo C
Olinda Massingue
Domestica
Negativo
Fernanda Zacarias
Zacarias Naene
chapeiro
Chamanculo C
Dorce Bule
Comerciante formal
Chamanculo C
Dorce Bule
Comerciante formal
positivo
Alberto Henriques
Henriques Zavale
polícia
Beira
Maria Timane
Domestica
Chamanculo D
Maria Timane
Domestica
Negativo
Jeremias Pinto
Pinto Muianga
pedreiro
R.S.A
Marta Lara
Operaria
Chamanculo D
Marta Lara
Operaria
positivo
David Luis
Luis Banze
pescador
Chamanculo D
Josina Machel
Comerciante informal
Chamanculo C
Josina Machel
Comerciante informal
Negativo
Feliciano Alberto
Alberto Coana
professor
Chamanculo C
Madalena Felisberto
Professora
Chamanculo C
Alberto Coana
Professor
positivo
fonte: dados obtidos na EPC unidade 13-Cidade de Maputo













7. Conclusão
Depois de uma descrição detalhada dos dados teóricos e uma análise comparativa dos resultados que nos são apresentados na tabela 1, referente aos alunos em estudo de acordo com as suas proveniências e comparados com o rendimento pedagógico, conclui-se que o factor da desigualdade social influencia no insucesso secolar.
Como revela o relatório de Coleman, a relação entre as variáveis familiares objectivas e os resultados nos testes variam com o grupo étnico e o ano de escolaridade, sendo a relação mais forte encontrada para a etapa inicial de escolarização.




























 Bibliografia

ü  LIBANEO, José Carlos. Didáctica. Sao paulo. Cortez,(colecçaoo magisterio). Série formação de professores, (1992)
ü  Mohamed Cherkaoui. Sociologia da Educação, colecção SABER, 2ª Edição;
ü  NHAVOTO, Arnaldo, BUENDIA e BAZO. Promovendo processos de mudança e formação de direcções de escola, Maputo, Janeiro de 2009;
ü  PINTO,Conceição Alves. Sociologia da Escola, McGRAW-HILL de Portugal, (1995);
ü  http.//www.dicionarioweb.com.br/social.html dia 15.10.11 pelas 19h e 17min
ü  http.//www.dicio.com.br/desigualdade/ dia 15.10.11 pelas 19h e 15min










[6] PINTO, Conceição, caracteriza a família em termos objectivos e de atitudes em relação a educação e acaba descrevendo muito mais as características familiares em termos objectivos.
Para mais aprofundamento recomendamos uma visita a obra da Conceição Alves Pinto “sociologia da escola”.pp42.
[7] As carecterísticas acima referidas fazem parte do relatório de COLEMAN citado pelo PINTO na sua obra “sociologia da escola”.

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