Por: Carlos
Nivagara
1.
Introdução
A educação constitui um marco indispensável na
vida dos cidadãos de todas as nações do mundo. Como tal, deve constituir
prioridade para os governantes em termos de acolhemento aos alunos que garentem
a estabilidade política, económica e sociocultural dos povos, criando
condições das infrastrutura e a formação contínua dos professores para garantir
e assegurar o fluxo demográfico.
A aprendizagem é a razão de ser e finalidade da
escola. Na medida e só na medida em que os alunos adquirem aprendizagem
significativa e relevantes, sob o ponto de vista individual e social, é o que
da sentido e justifica a atribuição de recursos humanos e materiais a escola
assim como o desenvolvimento das suas diferentes actividades. Os recursos e
actividades são um meio para se atingir essa finalidade fundamental da escola.
Esse princípio deve orientar os processos de gestão e as diversas actividades,
servindo como referência obrigatória para se realizar a avaliação do trabalho
desenvolvido pelos diferentes agentes da comunidade (Nhavoto, Buendia e Bazo;
2009)
O presente trabalho, com o tema: A influência da
desigualdade social no insucesso escolar do ensino primário, pretende-se fazer
uma narração que consiste em trabalho de consulta bibliografica e uma análise
comparativa de factos reais trazidas de alguns alunos da 5ª classe como amostra
da Escola Primária Completa Unidade 13. Sendo assim, na primeira parte deste
trabalho, depois dos objectivos, problema de estudo e a questão de partida,
fazer-se-a a definição de alguns conceitos relevantes e seguida de um
desenvolvimento teórico feito na base da consulta bibliografica.
Na segunda e última parte, a abordagem insidir-se-a
na discusão de resultados como forma de conclusão, procurando trazer em vista
os indicadores na qual nos baseamos.
2. Objectivos
2.1. Objectivo Geral
Fazer uma abordagem em torno da influência das
desigualdades sociais no insucesso escolar no ensino primário.
2.2. Objectivos Especificos
- Criar uma relação de conceitos de modo a gerar uma teoria sociológica
- Descrever as teorias e os pensadores das desigualdade social
- Formular uma conclusão com evidências a partir de trabalho de campo que consistirá em fazer uma comparação de alunos consoante a sua proveniência e estatuto social.
3. Problema de estudo e sua justificativa
Em Moçambique o ensino elitizado ja é notório, o
que traz diferenças quanto ao nível de escolaridade entre as crianças.
A sociedade hierarquizada que sobreviveu até o
final do século XIX e início do XX, o analfabetismo não era visto como uma
deficiência. Mesmo os sem instrução tinham acesso a oficios que permitiam a
eles e a suas famílias sobreviverem, tinham seu lugar na sociedade.
Actualmente, a mudança social que começou no final
do século XIX, a sociedade se transformou profundamente, onde o dinheiro e o
sucesso são valores que predominam na sociedade.
Como tal, há inquietação que surge em torno da
educação para todos em Moçambique onde o indice da pobreza absoluta é maior.
Sendo assim, estudar a influência da desigualdade social no insucesso escolar
poderá ajudar na resolução deste problema.
4. Pergunta de partida
Até que ponto a desigualdade social influencia no
insucesso escolar?
5. Definiçao de conceitos
Desigualdade carácter
ou condição do que não é igual, desigualdade de condições; carácter do que não
é liso, unido:
Ex: desigualdade de um terreno.
Carácter do que é variável, incostante:
Ex: desigualdade de génio.
Social- adj. Que diz respeito a sociedade; ordem social;
sociável.
Relativo a uma sociedade; própria dos sócios:
carteira social.[1]
Desigualdade social está directamente relacionado à destribuição desigual de renda. Pode-se
ter desigualdade sem ter pobreza (pobreza relativa): um aumento de renda das
camadas mais pobres pode melhorar a situação de pobreza extrema, sem, no
entanto, modificar a situação de desigualdade social. Igualmente, a
transferência de renda de sectores mais ricos para mais pobres, não implica
necessariamente mudança na medida de pobreza.
Em alguma circunstâncias, pode-se entender a
pobreza como um dos resultados da
desigualdade social; todavia é importante levar em consideração a afirmação de
(Alcock 1997, p.6) na qual, no capitalismo a desigualdade sempre existirá, mas
a pobreza, mesmo neste sistema, não poderá ser aceita como algo natural e
imutável, no próprio acto de a conceituála, há o reconhecimento de que se
trata de um problema que exige respostas imediatas e que deve ser erradicado.
Por isso, desigualdade é um conceito descritivo.[2]
Educação para
Libâneo (1992), é um conceito amplo que se refere ao processo de
desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de
qualidades humanas (físicas, morais, intelectuais, estéticas) tendo em vista a
orientação da actividade
Corresponde a toda modalidade de influência e
interrelações que convergem para a formação de traços de personalidade social
do carácter, implicando uma concepção de mundo, ideiais, valores, modos de
agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios
de acção frente a situações reais e desafios da vida prática. Por isso, a
educação é um instituição social que se ordena no sistema educacional de um
país.
6. Desenvolvimento teórico
A desigualdade perante e na escola é um dos
assuntos que recorrentimente encontramos quando se discutem os problemas das
sociedades democráticas, onde a percepção desta desigualdade como problema
decorre do facto de ela ser considerada ilegítima, importante, persistente e
universal. Boudon, (1990, p.533),
Inicialmente, a escola era vista como um espaço
que permitia revelar as capacidades dos alunos, bastando organizála de modo
que, estes assimilassem as regras e os valores em que assentam a vida em
sociedade e o funcionamento da propria escola.
A representação dominante na análise das
prestações escolares diferenciada era a que atribuia essas diferenças a
capacidades inatas dos individuos. Sendo a época da procura das defições de
inteligencia e de estudo da relaçao entre sucesso escolar.[3]
Essa difinições não tomando em
consideração o papel do contexto no exrcício das diferentes modalidades de
inteligéncia, estes estudos transformaramse num generalizado exercício
sociocentrismo cultura como diz Piaget.
Como tal, a definição de inteligéncia
operacionalizada nos testes que, de forma maciça, foram aplicados era
correspondentes à modalidade valorizada nos grupos sociais escolarizados das
sociedades ocidentais.
Com
tudo, o facto de se ter verificado que muitos dos jovens de origem social
modesta, e que até tinham tido bons resultados nos testes, não prosseguiam
estudos esteve na origem da convicção de que haveria uma reserva de talentos não explorados nestes grupos sociais.
Se em muitas sociedades as desigualdades
eram,ou ainda são hoje, justificadas pela herança obrigatória de vida ao
nascimento. Nas sociedades industriais, em contrapartida, a sua legitimidade
tem fundamento no sucesso económica do individuo.[4]
Nos anos 60, a escola era vista como o
grande instrumento de que a sociedade dispunha para assegurar a igualdade de
oportunidades entre os seus cidadãos na medida em que esta era vista não só
como o local onde se poderia assegurar uma igualdade de oportunidade de
aprendizagem, mas também como um sector de atribuição de recursos.[5]
O relatório de Coleman sobre a importância
da escola perante as desigualdades sociais consederado histórico em termos de
abordagem da igualdade de oportunidade por equacionar a igualdade de
oportunidade se em termos de igualdade de acesso, mas como uma igualdade de
sucesso e por outra, os resultados deste relatório vieram abalar as convicções,
quer de cientistas quer de políticos, oque teve inúmeras consequências.
Sendo assim, as duas conclusões mais
relevantes indicam que, as diferenças entre grupos sociais tendem a manterse
ou a acentuarse com a escolarização e registase maior variância no interior
de cada escola do que entre escolas diferentes.
Numa outra perspectiva, quando se comparam
os diferentes grupos étnicos e sociais ao longo dos vários pontos do percurso
escolar considerado, a tendência geral é para a manutenção das respectivas
posições onde os grupos que apresentarem melhores resultados nos primeiros anos
de escolaridade são os que apresentam também resultados mais favoráveis nos
últimos anos de escolaridade.
No entanto, considerando os grupos étnicos
separadamente da America, verifica-se que, se os brancos não são sensíveis às
variações da qualidade da escola, os negros já o são.
6.1. Caracterização da família em termos objectivos e de atitudes em
relação à educação
Para Pinto (1995), a relação entre as
variáveis familiares objectivas e os resultados nos testes variam com o grupo
étnico e o ano de escolaridade, sendo a relação mais forte encontrada para a
etapa inicial de escolarização. De forma distinta, a relação entre o sucesso do
aluno e as atitudes da respectiva família perante os estudos acentua-se ao
avançar o ano de escolaridade considerado. Acrescenta-se ainda que, as
variáveis familiares objectivas, revelam influências diferentes sobre o sucesso
escolar dos alunos, consoante os grupos étnicos de pertença onde para os
brancos, as variações de sucesso mais significativas, em todo o percurso,
registam-se com o nível de instrução familiar e para as crianças pertencentes a
minoria, a influência das variáveis familiares objectivas difere ao longo do
percurso escolar, sendo, na primeira parte do percurso escolar, o nível
económico das famílias o que determina mais eficazmente o sucesso e o nível de
instrução familiar o que parece ter maior influência nas etapas seguintes de
escolaridade.[6]
6.2.Características escolares (equipamentos e programas)
As variáveis de equipamentos escolar
(número de livros/aluno na biblioteca da escola, tipo de urbanismo escolar,
existência de laboratório de ciência da natureza) e algumas particulardades dos
programas (como a sua maior ou menor dimensão) não parencem afectar
significativamente o sucesso dos alunos.
6.3.Características escolares (corpo
docente)
A relação entre as características do corpo
docente e o sucesso dos alunos intensifica-se à medida que se consideram anos
mais avançados do percurso escoalr. Mas os alunos que são mais sensíveis às
características do corpo docente são os provenientes de grupos sociais mais
distanciados da cultura escolar.
6.4.Características escolares (composição
social do corpo discente)
Esta é a variável que aparece mais
intensamente relacionada com as variações de rendimento escolar.
Dois alunos com a mesma origem social
desfavorecida têm probabilidades diferentes de obter sucesso escolar consoante
estejam em escolas com uma composição social discente mais favorecida ou menos.
São os que estão em escolas com composição
social mais favorecida que têm mais hipótesex de conseguir melhores resultados.
6.5.Comparação entre diferentes grupos de variáveis escolares
Comparando a importância relativa dos três
tipos de variáveis escolares apontados, verifica-se que as variáveis de
caracterização da escola são as que menos parecem influenciar o sucesso dos
alunos, seguidas das características do corpo docente. Mais em alguns estudos,
mostram que o aspecto forte correlacionado com o sucesso escoar é a composição
social do meio escolar.[7]
6.6.Representações e imagens dos próprios alunos
As representações dos alunos foram
abordadas em três perspectivas: a) o interesse do aluno pela escola; b) a
imagem que o aluno tem dele próprio e; c) o sentido de controlo que tem sobre o
meio envolvente. Os autores do relatório de COLEMAN concluem que, de entre
todas as variáveis analizadas, são estas as que maior relação parecem ter com o
sucesso do aluno.
Mas a análise mais detalhada das variações
mostra situações específicas para os alunos da maioria branca e para os
pertencentes a grupos minoritários com universos culturais distantes do
universo escolar.
Primeiro, porque, o sentido do controlo do
meio é superior entre os alunos da maioria branca do que entre os alunos de
grupos minoritários.
Outro aspecto, a variável que mais
sensível se mostra às variações de sucesso escolar é diferente para a maioria
branca
7. Análise da EPC-Unidade 13 com base nas variáveis mencionadas em 6
Para EPC-Unidade 13 a relação entre as
variáveis familiares, pais ou encarregados de educação e os resultados nos
testes dos alunos variam com o grupo étnico e o nível de estabilidade social, ano
de escolaridade, sendo a relação mais forte encontrada para a etapa inicial de
escolarização. Esta realidade é conciliada com a afirmação do Pinto quando diz
que, de uma forma distinta, a relação entre o sucesso do aluno e as atitudes da
respectiva família perante os estudos acentua-se ao avançar o ano de
escolaridade considerado.
Nome do Aluno
|
Nome do pai
|
profissão
|
morada
|
Nome da mãe
|
profissão
|
morada
|
Nome do encarregado de educação
|
Profissão
|
Aproveitamento pedagógico
|
Glets M.Langa
|
Franciosco Langa
|
Montagem de tecto falso
|
congolote
|
Elina Jeremias
|
Comerciante formal
|
Congolote
|
Elina Jeremias
|
Comerciante formal
|
Psitivo
|
Estevão Joaquim
|
Joaquim Mussaque
|
motorista
|
Damasio
|
Efigénia Cardoso
|
Comerciante informal
|
Damasio
|
Linda Mussaque
|
Formadora na 2M
|
Negativo
|
ElisaEsau Gastão
|
Esau Gastão
|
Comerciante formal
|
Chamanculo D
|
Joana Galice
|
Comerciante formal
|
Chamanculo D
|
Esau Gastão
|
Comerciante formal
|
positivo
|
Esperança Wate
|
João Wate
|
pedreiro
|
Beira
|
Olinda Massingue
|
Domestica
|
Chamanculo C
|
Olinda Massingue
|
Domestica
|
Negativo
|
Fernanda Zacarias
|
Zacarias Naene
|
chapeiro
|
Chamanculo C
|
Dorce Bule
|
Comerciante formal
|
Chamanculo C
|
Dorce Bule
|
Comerciante formal
|
positivo
|
Alberto Henriques
|
Henriques Zavale
|
polícia
|
Beira
|
Maria Timane
|
Domestica
|
Chamanculo D
|
Maria Timane
|
Domestica
|
Negativo
|
Jeremias Pinto
|
Pinto Muianga
|
pedreiro
|
R.S.A
|
Marta Lara
|
Operaria
|
Chamanculo D
|
Marta Lara
|
Operaria
|
positivo
|
David Luis
|
Luis Banze
|
pescador
|
Chamanculo D
|
Josina Machel
|
Comerciante informal
|
Chamanculo C
|
Josina Machel
|
Comerciante informal
|
Negativo
|
Feliciano Alberto
|
Alberto Coana
|
professor
|
Chamanculo C
|
Madalena Felisberto
|
Professora
|
Chamanculo C
|
Alberto Coana
|
Professor
|
positivo
|
fonte: dados obtidos na
EPC unidade 13-Cidade de Maputo
7. Conclusão
Depois de uma descrição detalhada dos
dados teóricos e uma análise comparativa dos resultados que nos são
apresentados na tabela 1, referente aos alunos em estudo de acordo com as suas
proveniências e comparados com o rendimento pedagógico, conclui-se que o factor
da desigualdade social influencia no insucesso secolar.
Como revela o relatório de Coleman, a
relação entre as variáveis familiares objectivas e os resultados nos testes
variam com o grupo étnico e o ano de escolaridade, sendo a relação mais forte
encontrada para a etapa inicial de escolarização.
Bibliografia
ü LIBANEO, José Carlos. Didáctica. Sao
paulo. Cortez,(colecçaoo magisterio).
Série formação de professores,
(1992)
ü Mohamed Cherkaoui. Sociologia da Educação, colecção SABER, 2ª Edição;
ü NHAVOTO, Arnaldo, BUENDIA e BAZO. Promovendo processos de mudança e formação
de direcções de escola, Maputo, Janeiro de 2009;
ü PINTO,Conceição Alves. Sociologia da Escola, McGRAW-HILL de
Portugal, (1995);
ü http.//www.dicionarioweb.com.br/social.html
dia 15.10.11 pelas 19h e 17min
ü http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=2010032917200AAKrQ7i dia 15.10.11 pelas 18h e 28min
ü http.//www.dicio.com.br/desigualdade/ dia
15.10.11 pelas 19h e 15min
[6] PINTO, Conceição, caracteriza a família
em termos objectivos e de atitudes em relação a educação e acaba descrevendo
muito mais as características familiares em termos objectivos.
Para mais
aprofundamento recomendamos uma visita a obra da Conceição Alves Pinto “sociologia da escola”.pp42.
[7] As carecterísticas acima referidas fazem
parte do relatório de COLEMAN citado pelo PINTO na sua obra “sociologia da
escola”.
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